quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O outro lado da cama

Eu não gosto muito de ar-condicionado. Mas confesso que nesses últimos dias ele tem sido imprescindível, ao menos pra dormir. A gata ouve o barulhinho do troço ligando e já corre pro quarto pra deitar na frente. O meu lado da cama é o que fica do lado do ar-condicionado. Tem uma distanciazinha considerável até, entre a cama e o aparelho, mas nada que garanta que o ser friorento aqui não congele as partes que ficam expostas ao ar. O vento bate direto no meu peito. Na primeira noite eu desliguei o dito e fui catar um ventilador. Marido não gostou do barulho, mas eu nanei feliz como a Bela Adormecida. Na segunda noite, ontem, a idéia era trocar de lado na cama, ele que aparasse o ar gelado com o próprio corpo. A gente já tinha tentado essa troca em verões passados, mas ela nunca durava muito tempo. Ontem lembrei por que. Eu acordo no meio da noite com pensamentos clichês de pós bebedeira: "onde eu estou, quem é esse do meu lado errado"? Até recobrar um mínimo de consciência e restituir a cena pré-cama, o meu cérebro já despertou e levo alguns minutos pra pegar no sono de novo. Eu também saio pro lado errado quando quero ir pro banheiro e, de novo, eu tenho que pensar e calcular e raciocinar, e isso me desperta mais uma vez. Dormindo do meu lado da cama, o piloto automático funciona que é uma beleza.
Já me disseram que quem tem problemas pra acordar de manhã (e eu levanto a mão bem alto pra me acusar) deve fazer o cérebro funcionar pra conseguir despertar mais rápido. O exemplo que o cara dava era que ele perguntava pra filha dorminhoca: qual a tua terceira aula? Pra chegar até a terceira, ela tinha que passar pela primeira e a segunda e pimba, o cérebro já tinha engrenado seu sistema básico de funcionamento. Aqui em casa, nos dias mais complicados pra sair da cama, o marido sempre pergunta: qual a tua terceira aula? E eu que não tenho mais aula fico raivosa fazendo força pra não pensar, mas pimba também, o cérebro já engrenou.
Acordar de madrugada no lado errado da cama tem o mesmo efeito pra mim. A cabeça desperta. Mas aí eu tenho que dormir mais um tantinho de manhã pra compensar os minutos perdidos à noite. E hoje esse tantinho durou uma meia hora.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

2008

Antes de fechar minha participação no Calçolas este ano, não dá pra não desejar um BAAAAAAITA fim de ano pra venuss, pra quem tá me lendo agora, pra quem não me lê mas mora no meu coração, pra quem não me lê, não mora no meu coração mas tem todos os predicados pra estar ali.
A venuss, que tá craque em mensagens bacanas de fim de ano, certamente faria um post bem melhor que este pra dizer o que estou dizendo.
Mas enfim, é de coração: feliz Ano Novo.
Se falêmo em 2008.

Eva no paraíso

A dissertação vai junto, e é só uma semaninha.
Mas eu vou passar os próximos dias no paraíso, como convém a uma boa Eva.
Tô indo ali pra Gamboa, e já volto.

Xinguéu Pél

Ao contrário da maior parte das pessoas, eu adoro Natal. Não esse Natal de shopping cheio, saco idem, lixeiro pedindo contribuição pra festa três, quatro, cinco vezes na mesma semana, nem esse Natal do tem que, da obrigação de comprar qualquer coisinha pra não dizer que não se deu presente.
Gosto do Natal que começa no dia 1. de dezembro, com a abertura solene da primeira janelinha do calendário de advento, do Natal das bolachinhas, do Natal da emoção que faz a gente chorar até com o comercial do Zaffari (aliás, falando em comercial do Zaffari, qualquer semelhança entre bolhas de sabão e vaga-lumes, meninos vestidos de burrinhos e meninos sardentos com cara de não deve ser mera coincidência, né? Mas tudo bem, é a mesma agência, o mesmo anunciante, a gente curte igual, e afinal de contas é Natal, né?)
Gosto do Natal que serve de pretexto pra gente dar um alô, mandar um mail, dar um abraço em alguém - porque a gente fica se fazendo e acaba precisando de pretexto pra essas coisas tão simples.
E gosto do Natal do culto de Natal. Sou filha de pastor protestante, como é que não vou gostar de culto? Então sempre, sempre, sempre no comecinho da noite do dia 24, de banho tomadinho, vamos todos ao culto de Natal, pra ver a árvore da igreja enfeitada com bolinhas fabricadas mais ou menos no tempo em que Jesus nasceu e cantar as mesmas músicas tradicionais da idade média em versão meio estranha pro português de sempre (e ai deles se resolverem mudar). Tem sino, tem aquele papinho do pastor que eu nunca escuto direito, e lá quase no fim eu sempre choro lembrando da Oma, minha vó querida que fazia as melhores bolachas de Natal do universo.
Este ano, o culto de Natal foi mais divertido que a média. Primeiro, porque o pastor inovou e, num rompante de completa falta de noção, cantou um texto. Acontece que o coitado era muito, mas muito desafinado. O mais legal era ver o esforço do pessoal se segurando pra não rir. Os integrantes do coro da igreja, então, mordiam os lábios, se viravam, faziam que juntavam algo no chão, liam atentamaente as partituras, tudo pra não escancarar as risadas. Depois o pastor, além de desafinado, tinha um paita sotacón alemón que só fendo. E eu passei o tempo todo na dúvida sobre o tema do papo dele: afinal, ele tava falando de inverno ou inferno?
Eu não gosto de nenhum dos dois. Mas de Natal eu gosto.
Feliz Natal!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Passando o ferro

O prédio da MPM em Porto Alegre, ali na Silveiro, 1.111, era habitado por figuras maravilhosamente folclóricas.
Uma delas era a dona Lídia. Uma senhora grisalha descabelada e enorme, que, graças aos vestidos sempre floriados, parecia um sofá imenso de 7 lugares. A dona Lídia tinha uma voz inversamente proporcional ao corpo, falava com um fio de voz meio trêmula e fininha.
Não sei bem o que a dona Lídia fazia ali, e acho que nem ela sabia. Mas todo mundo conhecia o prazer mórbido que a imensa senhora tinha ao se deparar com crimes e tragédias. Ela lia com avidez as crônicas policiais, e quanto mais marrom o veículo, mais ela delirava com os relatos sanguinolentos. Mas não bastava ler, era preciso fazer a crônica da morte noticiada. A dona Lídia quase babava de prazer quando contava o que lia aos colegas, acrescentando, claro, detalhes importantes como tripas espalhadas no asfalto, cérebros melecando a parede, corpos decompostos & afins.
Mas o melhor mesmo era quando ela tinha algum relato direto pra fazer, sem mediação de jornal ou jornaleco nenhum. E como a dona Lídia morava numa vila muito pobre e violenta, nunca faltava tragédia pra contar e estragar o apetite dos colegas.
Um dos pontos altos da vida da dona Lídia foi o dia em que ela pôde descrever minuciosamente como uma família inteira, incluindo crianças, um bebê, uma jovem grávida, um senhor de idade e possivelmente também cachorro, gato e tudo mais viraram churrasco - obviamente depois de sofrer muito muito muito, num terrível incêndio perto da casa dela. Ela falou do fogo, dos gritos, dos corpos carbonizados. Era coisa pra virar episódio dos mais escabrosos do CSI.
E a história terminava com a dona Lídia dizendo que o fogo tinha queimado tudo e todos. Haviam se ido a família, a casa, os móveis, o calendário da entregadora de gás, a foto do padre Reus na parede. Foi se tudo, naquele inferno de chamas.
- "Só sobrou o ferro. Só o ferro."
Dizia a dona Lídia, com sua vozinha, sacudindo um pouco o corpanzil e baixando a cabeça, não sei se em sinal de tristeza pelas mortes, ou pra esconder o sorriso de orgulho pelo impactante fim que ela tinha bolado praquela história de fogo e ferro.

Lambidinha

Será que alguém no mundo não lambe a tampa do iogurte quando abre um pra comer?

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Salve a seleção

Ainda no contexto da seleção pra professor substituto temporário da Ufrgs: é brabo concorrer com pessoas de quem a gente gosta, sabendo que só uma será escolhida. Mas podia ser pior. Podíamos estar concorrendo gente de quem não gostamos, e uma dessas pessoas ser escolhida.

Professorinhas

Que processo seletivo pra professor substituto na Ufrgs que nada. O legal mesmo é ser professora na Argentina.

Professoras argentinas participam de orgia com motorista

A Argentina foi abalada por um escândalo sexual recentemente, quando se descobriu que seis professoras faziam orgias com o motorista que as transportava até a escola onde trabalham.
Tudo começou a partir de uma descoberta da namorada do motorista, que percebeu que ele tinha uma série de fotos comprometedoras em seu computador. Eram imagens de relações sexuais com as seis professoras.
O caso foi descoberto pela rádio Sudamericana. As imagens retratavam as orgias que aconteciam cada vez que o motorista transportava as seis mulheres, cinco delas casadas, até a escola, que ficava no departamento de Saladas, na província de Corrientes.
A namorada do motorista, que, assim como ele, desapareceu de Saladas, também é professora e, ao ver as fotos, decidiu se vingar. Furiosa com o fato de amigas suas estarem envolvidas com seu namorado, ela enviou um e-mail com as fotos a seus conhecidos e aos maridos das mulheres para comprovar a traição.
De acordo com a imprensa argentina, o motorista desapareceu da cidade porque estava preocupado com a possível reação dos maridos das mulheres com quem havia realizado as orgias.
Terra Argentina

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

São Longuinho é o cara!

Anteontem à noite fui confrontada com o sumiço de um documento megahiperultrasuperprotoplurigigaimportante.
Desespero total.
Procurei em todos os lugares, incluindo os mais estúpidos (todo mundo que faz ou já fez mestrado sabe que, nessa fase, Tico e Teco definitivamente não prestam atenção na hora de guardar as nozes ou outras coisas como documentos megahiperultrablablablaimportantes, e o resultado é que no inverno a gente passa fome, e/ou, em qualquer estação do ano, não acha o que precisa).
Procurei muito.
Finalmente, capitulei.
E apelei.
Lá pelas 17h de ontem, invoquei São Longuinho e o Saci Pererê (ou seria o Negrinho do Pastoreio? Ai meu Deus, esqueci isso também).
E hoje às 2h da manhã, como que guiada por uma mão divina, caminhei até o gabinete, abri uma das gavetas, tirei a gaveta do encaixe, e outra e mais outra, e - sim! - ele estava lá. O documento megablablablaimportante tinha escorregado pra trás das gavetas. E São Longuinho e o Saci do Pastoreio tinham me levado até ali, eles me encaminharam até a solução dos meus problemas.
Glória, glória, aleluia.
Pro momento ficar mais lindo, só faltou mesmo aquele sol filtrado entre nuvens, estilo Edições Paulinas, e uma música de graças a Deus nas maiores alturas. Sol às 2 da madrugada seria uma superposição de milagres, não dava. E a música ia acordar a minha filha, melhor deixar assim.
O fato é que o papel aqueilotudoimportante estava ali, em carne e osso, ou melhor, pasta de celulose e tinta.
São Longuinho é o cara!
E o Negrinho Pererê é o carinha.
A fé não costuma falhar mesmo.
Na hora dei os três pulinhos de agradecimento pra São Longuinho. Pro Negrinho Saci do Pastoreio Pererê tenho que comprar um maço de cigarros, ou melhor, dois, já que esqueci pra qual dos dois enderçar meu insalubre e politicamente incorreto presente de agradecimento.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Banho de gato 4

Agora tente fazer o que a Eva propõe logo aí embaixo sem chuveirinho no banheiro, pegando água da pia e, portanto, com o box aberto e munida de um balde. Enfie o balde, a gata, o marido e você dentro do box minúsculo. Não tire a roupa, porque a sacanagem que vai rolar ali é de outra ordem. Peça pro marido segurar a gata, mas reclame a cada 30 segundos que ele está segurando forte demais, que já deu, que já foi enxaguada o suficiente e pelo amor de deus não deixa entrar água no ouvido dela. Mas antes de tudo isso alguém tem que ter a brilhante idéia de tosar o bicho com uma máquina de cortar cabelo que nunca foi usada, que ninguém lembra onde tá e a proposta é tosar a barriga da bichana. E quem vai segurar a gata de novo é o marido.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Banho de gato 3

Gato de apartamento de andar alto não precisa, em tese, de muitos banhos. A não ser que o referido apartamento abrigue, ainda que ocasionalmente, fedelhos desgovernados portadores de coisas melequentas e suficientemente hábeis pra conseguir segurar o bichano e esfregar nele um pirulito, grudar nele um chiclé ou besuntá-lo com negrinho. No caso da gata da venuss (vide post imediatamente anterior a este), acho que esse risco é praticamente inexistente. Então a decisão dela de só banhar a gata outra vez pra festa de 15 anos parece bem acertada.

De qualquer forma, aproveito o ensejo pra dar uma receita de banho de gato.

Ingredientes:
Shampoo de gato
Uma toalha de banho de gato
Panos pro gato deitar
Um box de chuveiro
Um secador
Um gato
Espírito de aventura
Distância (vários quilômetros) do marido, pra ele não presenciar a cena indigna que vai se configurar no banheiro da casa.

Importante:
Se o seu chuveiro tiver só cortina, nada do que está escrito aqui vale. É imprescindível que o gato seja passível de aprisionamento.

Modo de fazer:
Bem antes de dar o banho, prenda o gato na gaiola de transportar gatos. Gatos lêem pensamentos, quando você cogita dar um banho, eles captam a mensagem, e aí acionam o seu segundo superpoder, que é o de se desmaterializar irreversivelmente até você desisitir de dar o banho. Então antecipe-se, e prenda o gato bem antes.
Perto da hora H, mande o marido ir pro boteco tomar cerveja. Ele vai estranhar horrores, porque mulheres não costumam fazer isso de mandar o marido beber no boteco, então explique a situação pra ele não pensar que você arrumou um amante. Conte que vai dar banho no gato, sem deixar de esclarecer que gato, nesse caso, se refere efetivamente ao felino que mora com vocês. Seja franca e diga que não quer que ele, marido, a veja perdendo a compostura - como invariavelmente acontece quando se dá banho em gato.
Leve o gato ao banheiro, feche a porta e abra a gaiola do gato pra se divertir com as tentativas desesperdas dele de sair dali enquanto prepara tudo.
Tire a roupa até ficar de calcinha e sutiã (a sua roupa - o gato pode ser peludo, mas já está pelado). Coloque a touca de banho.
Ligue a água do chuveiro, regule a temperatura, acione a mangueirinha.
Tire o gato de cima do lustre, coloque no box, entre também e feche a porta numa fração de segundos (você pode treinar antes, sem o gato, pra ganhar agilidade para esse momento crucial do processo).
Pronto, agora você já é praticamente uma vitoriosa da fase I (a fase II que é a da secagem tem algumas complicações, mas nada que você não supere). O gato, mesmo ensandecido e desesperado, não vai conseguir fugir. Você, que não é boba nem nada, não vai nem tentar segurar o ser unhudo. Ao invés disso, vai ficar tentando molhar o gato com a mangueirinha.
Lá pelas tantas você consegue molhar o bicho - afinal ele vai estar esbagaçado de tentar sair do banheiro, de ficar pendurado na luminária e de tentar fugir da água da mangueirinha.
Dê uma risada maligna pra sinalizar pro gato quem é que manda.
Encurrale o bichano num canto do box.
Sem tentar segurar o gato no colo, passe o shampoo nele do jeito que der.
Repita a brincadeira de tentar molhar o gato. Se você já conseguiu antes, agora vai ser moleza.
Dê outra risada malévola para marcar o momento de êxito e fixar a mensagem de que você é definitivamente a fêmea alfa do pedaço.
Passe uma água e um sabonete em você, pra não ficar com o cheiro do shampoo de gato que obviamente respingou no seu corpo aos montes. Ainda bem que você estava de touca de banho, senão ainda por cima teria que lavar o cabelo.
Desligue a água. Saia do box chutando o gato com cuidado, apenas com força suficiente para que ele não saia também, evitando pô-lo inconsciente ou coisa pior.
Seque-se com a toalha (a sua, não a do gato).
Entre novamente no box, munida da toalha (do gato, não a sua).
Tente tirar o excesso de água do animal com a toalha. Não vai dar muito certo, mas azar.
Abra o box e deixe o gato sair, mas evite que ele volte ao lustre para evitar curto-circuitos.
Peque o secador e faça mais ou menos o mesmo que com a mangueirinha: fique mirando no gato e tentando acertá-lo enquanto ele foge do ar quente como o diabo da cruz.
Quando o gato estiver menos encharcado - por causa do ar quente ou da correria, não interessa, o que conta é o resultado - e você estiver exausta de tentar secá-lo direito, desista. Saia do banheiro. Use novamente chutes leves para evitar que o gato saia junto.
Deixe o gato úmido preso no banheiro por algum tempo - umas duas horas mais ou menos. Nesse tempo, ele não vai secar, mas vai ficar menos úmido.
Enquanto isso, troque de roupa e espere o marido voltar.
Lá pelas tantas, solte o gato.
Quando o marido chegar, aproveite todo o know how adquirido pra dar um banho nele também - ele vai estar pinguço, precisando de uma boa chuveirada. Lembre-se que agora tudo fica mais fácil. Maridos não tem unhas pontudas, não sobrem no lustre e em geral são menos peludos que gatos.

domingo, 9 de dezembro de 2007

O Banho II

Resolvi dar banho na Lisbela. Em casa (tenho cá meus motivos pra não querer levá-la pra tomar banho em pet shop).
Resultado:
- um arranhão no pescoço
- um banheiro encharcado
- 4 discussões com o marido (uma na hora de aparar os pêlos da barriga, uma na hora de enxaguar o bicho, uma na hora de escovar e uma na hora de lavar a toalha da gata)

Definitivamente, se ela tomava banho 2 vezes por ano e olhe lá, depois dessa, volta pra água só pra festa de 15 anos.


sábado, 8 de dezembro de 2007

Rola e Rala

Por que uma mulher sairia de casa com uma calça escrito ROLA (em caixa alta mesmo) na bunda?
A Rola Moça é uma marca de moda fitness que eu realmente não tenho a menor idéia de como pode fazer sucesso. E olha que, na academia que eu freqüento, várias mulheres, de várias idades, vestem suas peças.
Como pode uma marca que quer atingir um público em busca de boa forma usar um nome que lembra formas redondas? Porque só mesmo sendo muito redonda pra Moça conseguir Rolar. Ou então, sendo mais bagaceira, como alguém permite ter a palavra 'rôla' escrita na bunda? Meu deus, e logo na bunda!
Outra marca que já vi por aí que deve ter sido criada na esteira da Rola Moça é a Rala Bela. Helloww?!? Quando as pessoas tão malhando, elas não gostam de lembrar que ainda precisam ralar muito pra ficarem belas. E, outra, sou só eu que lembro de Rala Xeca quando leio isso?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Gosto inconfessável por pipoca doce

Nenhum cinéfilo tem o direito de devorar ruidosamente pipocas enquanto desfilam pela telona os talentos de diretores e atores maravilhosos.
Preencher com uma milharal crocância os longos silêncios dos filmes iranianos é um crime que provavelmente o corão pune com trocentas chibatadas.
Pipoca no cnema é feio.
É barulhento e melequento.
Não é cool.
Sei de tudo isso.
Mas sou absolutamente tarada por ter como acompanhante um saco (nunca pequeno, por favor) de pipoca doce nos meus contatos com a sétima arte.

Meg

Minha gata que pensa que é persa já se recuperou da última depilação. Está quase bonitinha outra vez. Sinal de que será preciso tacar o tesourão de novo. Mas desta feita vou ter que dizer o óbvio pra mocinha da pet shop: pode tosar os pêlos, mas por favor, me deixa os bigodes na gata!

Glam Rock???

O que faz um gordão meio careca e suarento, de chinelo chinelão, numa das intermináveis filas de dezembro das lojas Renner, usando uma camiseta em que está escrito, em rosa pink com brilhos salpicados, "Glam Rock"???

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Psicose

Um dos bons momentos no ciclo de geralmente medianos, por vezes fraquinhos, mas em alguns momentos até que merecedores do adjetivo altos estudos Fronteiras do Pensamento aconteceu hoje, com a palestra do Michel Houellebecq.
Ao vivo ele também é interessante e de uma ironia instigante.
Radicalmente contra oficinas de texto e assemelhados, ele disse que não dá para ensinar alguém a escrever um livro, e que graças a Deus (não acho que ele tenha citado Deus, não combina, mas enfim, o sentido ia pra esse lado do exagero supremo) não existem escolas que ensinam a fazer romance na França.
E o golpe de misericórdia ele deu quando disse que as oficinas de escrita criativa no máximo servem como bons espaços terapêuticos para a pessoa se tratar de desvios psicológicos leves (aquele papo de desabafar na escrita, de se curar pelo texto). Bateu a neura? Elementar: te inscreve numa oficina literária, escreve que passa.
Não sei se eu teria gostado de saber a opinião dele sobre blogs. Acho que não.

Out of tle litlle house - Part II

Mas mal mesmo tô eu, que fico postando coisas como foto e comentário sobre a Britney Spears.

Out of the little house



Gente, essa menina Britney Spears não tá bem.

Bodum, chulé & bafo

Antes de ter filho eu nem imaginava que criancinhas fofas e meigas pudessem ser mal-cheirosas, exceto talvez a bunda delas depois de um cocô na fralda, ou a nuca, que fica azedinha depois de muito tempo no sol.
Agora me deparo todos os dias com a realidade:
Crianças fofas e meigas têm um baita chulé.
Crianças fofas e meigas acordam com o maior bafo de tigre louco.
Crianças fofas e meigas cheiram mal no fim do dia.
E crianças fofas e meigas têm casquinha na orelha, unha preta, remela (muita remela), encardidos nas dobrinhas e muito mais.
Em suma: criança também é gente.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Diversão free

Eu aqui, 22h30, cheia de trabalhos pra acabar ainda hoje e páro tudo pra fazer caridade: um convite pra um evento feminino. Mais: o convite é no amor. Mais ainda: é pra um evento de amigas que eu nem vou participar. Mais, mais ainda: o evento se chama Brexota e vai ter um monte de mulher fazendo troca-troca.

Gula

Gosto tanto, mas tanto de Ouro Branco que não consigo dividir com ninguém.
Já a venuss, que é muito mais desprendida, guarda o bombom e dá a metade pro marido quando chega em casa, a lindinha.
Eu, ser desprezível, mesquinho, devoro sozinha o meu Ouro Branco. Pra repartir, só se tiver Outro Branco.

As pessoas e seus shows


A Marisa Monte está de volta a Porto Alegre. Em 2000, assisti ao show dela no Sesi sozinha, um dia antes do dia dos namorados, na segunda fila. Foi o meu auto-presente de solteira.

Ano passado, quando ela trouxe o mesmo show que estará no teatro do Bourbon Country neste final de semana, cheguei muito tarde às bilheterias e só consegui ingresso na última fila. Não imaginei que os shows iriam lotar tão rápido. Também não imaginei que tem gente tão mal educada pagando caro pra assistir a alguns espetáculos.

Sentar na última fila é uma aventura. No Teatro do Sesi, eu nunca tinha sentado em outro lugar a não ser a platéia baixa. E sempre achei um território extremamente civilizado. Já na última fila do teatro, é um faroeste, terra de ninguém. Eu não conseguia nem ver a boca da Marisa Monte abrindo e fechando, mas eu não parava de ver as amígdalas das 3 guriazinhas que fofocavam e riam alto do nosso lado. Falta de respeito de marca maior. Semnoçãozice de fábrica. E o meu marido, que é mais educado que eu nessas horas, ainda pediu delicadamente pra que elas ficassem em silêncio pra gente poder acompanhar o show e elas "ai, tá incomodadinho?". Não lembro o que eu respondi, mas sei que não foi alguma coisa simpática. Mas a vontade mesmo era arrancar a língua delas fora e dar nó.

Fiquei morrendo de vontade de ir ver o show de novo, mas, desta vez, só se o Papai Noel resolver me dar ingressos de presente. E olha que eu mereço, porque hoje tenho mais um cartão de Natal pra criar.

MARISA MONTE no show Universo Particular - dias 07 e 08 de dezembro.
Sexta-feira e sábado, às 21h no Teatro do Bourbon Country
Galerias R$ 130,00
Mezanino R$ 150,00
Platéia alta R$ 150,00
Platéia baixa R$ 200,00
Camarote R$ 250,00

10% desconto para titular Clube do Assinante Zero Hora.
10% desconto para titular cartão Renner.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Gincana

As gincanas andam meio fora de moda por estes tempos. Lembro que, no tempo em que roupas fashion (que na época não se chamavam fashion, e sim roupas trique-trique-rolimãs) eram vendidas no Saco & Cuecão (!), existia a gincana Hipo Imcosul. Um evento que mobilizava a cidade mais que culto evangélico no anfiteatro Por do Sol em dia de passe livre.
O frenesi de bandos de gente se submetendo a pedidos como juntar o maior número possível de tampinhas com figurinhas da série Amar É... (um dia faço um post sobre as educativas tampinhas de garrafa do fim dos anos 70 - aguarde), traduzir um texto do aramaico pro papiamento, ou encontrar um dinamarquês anão celibatário parece que passou. Provavelmente porque de urgências urgentíssimas e prazos apertados tá todo mundo por aqui. Ninguém mais tem saco (com ou sem cuecão) pra ficar ainda mais estressado. E as empresas e instituições deixaram de promover as tais gincanas.
Com exceção da escolinha.
A escolinha é fonte interminável de solicitações urgentes e quase impossíveis.
Ter um filho na escolinha é se manter durante o ano todo em estado de gincana. É pensar em mudar seu nome para Equiganhei, Equilegal ou outro nome supercriativo típico de equipe de gincana nas priscas eras. Ter um filho na escolinha é ver que a aceleração do tempo da pós-modernidade pode ser pior.
Uma das minhas teorias inclusive é de que na escolinha tem sempre um quartinho escondido, em que mentes maquiavélicas se reúnem pra bolar pedidos torturantes endereçados aos pais.
Quem teve ou tem filho em escolinha sabe: a agenda dos pequenos é recheada de tarefas transtornantes.
E aí os pais têm que encarar desafios dignos dos 12 trabalhos de Hércules, sempre basicamente de um dia pro outro. Tarefas que viram obrigação, claro. Porque eles estão com o seu filho. E você não vai querer que o pequeno sofra de alguma forma, vai?
Então você precisa parar tudo e:
Providenciar uma bolinha de isopor número 14 (nunca pensei que bolinhas de isopor fossem numeradas - aliás, eu nem sabia que ainda existia isopor. E não vende no super, nem na livraria, nem no 1,99 - ao menos aqui na zona sul de Porto Alegre. Aí você acha as benditas bolinhas, mas só tem número 12).
Conseguir um pote de margarina REDONDO (como, se eles são todos quadrados ou retangulares???).
Se descabelar atrás de 6 caixas vazias de leite limpas (veja bem, de um dia pro outro. De modo que se é obrigado a fazer ambrosia ou pudim de leite. O que é especialmente dramático quando não se sabe fazer ambrosia nem pudim de leite).
Providenciar um avental plástico com mangas compridas (achou fácil essa, é? Pois saiba: avental plástico com manga comprida, só o Coelho da Páscoa, o Papai Noel e a Gisele Bündchen têm. Avental de plástico com manga comprida é uma ficção).
Mandar uma foto do filho em clima natalino (foto de filho em idade de escolinha sai a) horrível, porque a criatura não pára quieta; ou b) horrível, porque a criatura parou quieta mas fez careta; ou c) horrível, porque foto natalina a gente tira no Natal, e no Natal você bebe além da conta e o efeito etílico afeta negativamente a estética fotográfica, além da sua própria; ou d) horrível, porque no Natal a casa está sempre um caos).
Fazer com o filho uma árvore (atenção, não é plantar. É fazer. Como? Com quê? De que tamanho? São milhões de dúvidas cruéis. Você tenta enfrentá-las com galhardia, resolve não se mixar, e faz a árvore com a ajuda do filhote. E aí depois você chega na escolinha e vê as maravilhosas árvores das outras mamães, e percebe no seu filhote um certo constrangimento porque a árvore com o nome dele parece mais com um espanador pobrinho, velho e sujo do que com uma primaveril árvore como as representações criativas, viçosas, floridas, transadas & ilustrativas de todo o amor que uma mãe pode sentir pelo filho, produzidas pelas outras equipes).
Tarefas como essas pululam na vida das mães e pais, e eles, de um jeito ou outro, dão conta. Mas eu quero ver o dia em que pedirem pro filho trazer uma foto de atriz-modelo-manequim-starlet-do-momento com calcinha.

domingo, 25 de novembro de 2007

Badanha 3 - A missão

O Badanha que já tinha voltado, voltou de novo. Desinstalei e reinstalei o Office e troquei os nomes lá no formulário de licenciamento. Mas toda vez que clico em "controlar alterações" no Word é o Pai do Badanha quem aparece como 'dono' de todos os arquivos de novo, como se fosse uma entidade incorporada no micro.
Alguém sabe me explicar o porquê disso?
Melhor, alguém sabe me explicar como mudar isso?
Quero renegar a paternidade do Badanha, mas tá difícil.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Pista, pistaria, pistaiolo




Na antevéspera dos quatro anos, minha filha ainda tem uns rompantes de Hortelino Trocaletras.


Ela adora comer pista de mussarela na pistaria aqui perto, aquela que tem uns pistaiolos preparando a massa.


E a penúltima letra do alfabeto dela é o íspilon.


É asbolutamente fofo.


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A perseguida e a perseguidora

A ausência de calcinha tem sido um dos temas preferidos - ou o tema preferido - da mídia que cobre (nesse caso, ficaria melhor dizer descobre) as personalidades midiáticas. A venuss já mapeou bem o fenômeno.
Mas pra além da perseguida, outra personagem também tem lá seu espaço no imaginário inútil da sociedade do espetáculo.
É ela, nosso karma, nossa cruz, a que nos persegue desde adolescência.
Aquela que faz o lucro das Lancômes, Naturas & etc. disparar.
Que nos faz correr, malhar, suar e fingir que acreditamos em coisas como drenagem linfática.
A que confere existência real a nós mulheres, como definiu um dia uma alma caridosa e superpoliana, capaz de ver um lado bom até nisso.
Falo da nossa inimiga íntima, celulite.
A mídia adora mostrar que lindas também têm.
Mas o pior disso é que essas notícias me fazem ver que eu, além de ter celulite, ainda por cima sou uma baita invejosa, porque sinto aquele prazerzinho feio, muito feio, quando vejo que as bonitas e famosas também têm defeitos.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Gasta borralheira

Não me importo de admitir: por anos tomei Nescafé aos litros e até gostava. Mas no fim do mestrado, um café passado daqueles que parecem tintura de tão fortes tem o seu valor, como bem lembrou o meu maridão. E gentilmente resgatou a cafeteira que estava lááá no fundão do armário da cozinha. Perto de inutilidades como uma frigideira Bom Apetite (ou será que isso é panela? Ou caçarola? Sei lá, pra mim é tudo OCNI - Objeto de Cozinha Não-Identificado) , uma coisa muito estranha que minha mãe diz que é pra cozinhar vegetais no vapor e uma coisa que acho que é uma forma de bolo.
Cafeteira sobre a pia, pó de café comprado, e aí o querido me dá a aula de preparo de café em cafeteira.
Foi ótimo, e ele foi superdidático. Adorei principalmente a parte de abrir o pacote de café em pó embalado a vácuo (eu nunca tinha presenciado o fenômeno. Faz até psssst quando o ar entra, né?).
Entendi tudo. Ou achei que tinha. E meu mestre-barista saiu pra trabalhar. Ficamos eu e a cafeteira a funcionar.
Claro que daí pra frente deu tudo errado. Acabou a água e o troço ficou fazendo barulhos estranhos - gluks, gluks, gluks. Tive medo duma explosão (quando eu era criança uma panela de pressão com feijão preto explodiu na nossa cozinha. Ninguém se machucou, mas a mancha preta no teto impressionou que foi uma barbaridade. Fiquei meses mostrando aquilo pras amigas enquanto falava do perigo que as panelas de pressão representavam pra gente).
Gluks, gluks, gluks - a cafeteira continuava que parecia minha gata quando tá prestes a vomitar uma bola de pêlo melecada com Whiskas semi-digerido.
Desliguei a cafeteira, pra evitar problemas.
Peguei a jarra pra me servir. Mas ninguém tinha me dito que tinha que tirar aquele porta-coador de cima. Claro, qualquer anta se antenaria disso. Mas eu não. Afinal, não sou uma anta qualquer.
Eu faço mestrado em comunicação, não em culinária. Eu sei quem foi Bakhtin, mas o Monopol é um ilustre desconhecido. Sei de rizomas e bulbos nos termos do Deleuze, mas vade retro, aipim e beterraba.
Resultado: pó de café molhado na pia toda, no fogão, no chão, na minha mão, na estante. Uma meleca espraiada por tudo.
Mas que p... de borra, pensei eu, agora no papel, literalmente, de gasta borralheira (aos quase 43 seria delírio total eu me auto-classificar como gata).
Eca.
Intermináveis e sujos minutos depois, quando terminei de meio que limpar a cozinha emporcalhada, o café da jarra tinha esfriado.
E ainda faltava lavar o porta-coador. E pior: falta lavar o coador.
Que coisa mais cenozóica isso, lavar coador de café.
Deve ter uma lei proibindo a existência de coadores de café que tem que lavar, e obrigando todo mundo a usar coador de papel. Que nem a lei que obriga ao uso de cinto de segurança. Deviam fazer blitze organizadas pra coibir de uma vez o coador lavável. BOPEs invadindo as cozinhas pra combater os energúmenos. Capitães Nascimento diligentes empenhados em erradicar de vez esse mal da nossa sociedade.
Marido querido, avisa pro pessoal do escritório que amanhã vais chegar mais tarde porque a mentecapta da tua esposinha não sabe nem preparar um café passado mas adorou a idéia e não quer mais voltar pro Nescafé.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Câmeras, magreza e calcinhas

Ah, a Paris Hilton deixou a câmera ligada de novo. Coitada... (Não vou colocar link pro fato, me nego a fazer parte da divulgação de um troço desses. É só entrar em qualquer portal tipo terra, uol, globo pra ver a "notícia").

De manhã vi uma chamada sobre a filha da Vera Fischer ter emagrecido de novo. Perder peso (leia-se secar) é o caminho mais rápido de quem anda meio caída rumo às capas de revista. Foi assim recentemente com a Xuxa, a Luiza Brunet, uma atriz loira que eu acho que chama Paola Oliveira (é isso?) que eu vi na capa de uma revista de dieta. E outras tantas que não lembro agora.

Outra estratégia muito em voga é a tal calcinha que ficou na gaveta e a saia curta que foi parar na bunda. Essa semana foi a Flávia Alessandra.
Segundo um post recente da Eva, a Hebe era notícia em 1957 por algum fato irrelevante, mas na época o foco ainda eram os cabelos da cabeça.

Então, gente, é isso: ainda vamos ver várias chamadas sobre câmeras indiscretas, magreza como ressurreição e ausência de calcinhas até janeiro. Entre um BBB e outro é disso que a maioria desses grandes portais de internet se alimenta diariamente.
Acho que vou voltar a usar a tal página inicial 'about:blank'.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cotas

Por que será que alguns indivíduos se referem a pessoas negras como "moreninhos"? Qual é o problema de dizer que alguém é preto ou negro? Ser preto, negro, mulato ou sei lá eu seria algo pra esconder???
Por que será que algumas pessoas acham que é motivo de orgulho elas dizerem que ensinaram o filho a tratar a empregada "que é pretinha" de igual pra igual? Tratar todo mundo do mesmo jeito não é pra ser default? Qual é a razão pra ficar se vangloriando do que devia ser óbvio ululante a ponto de não ser mencionado???
Por que será que tem gente que acha que dar nomes estrangeirizados "é coisa de preto"? Desde quando criatividade ou um gosto meio diferente tem alguma coisa a ver com cor de pele? E o que seria pra essa gente exatamente "coisa de preto" , dita baixinho e com um esgar no rosto???
E o mais importante de tudo: por que eu ainda tenho que ouvir gente pessoas falando assim por aí? Três dessas numa mesma semana é dose pra estourar a cota de qualquer um.

Cartinha pro Papai Noel

Por que todo o publicitário que não é bonzinho durante o ano ganha o castigo de fazer "lindos e emocionantes"cartões de boas festas?

Papai Noel: no ano que vem, prometo me comportar melhor.

Hortinha cabeluda

Aqui em casa a gente sempre gostou de encarar as panelas. Pra preparar e pra comer também, sem dúvida. Montamos uma hortinha na sacada que faz parte do ritual cozinha. Antes de preparar qualquer coisa, a gente dá uma voltinha pra colher os temperos fresquinhos. Me sinto uma Nigella tupiniquim. Acontece que este ritual tem tomado muito o nosso tempo ultimamente. Isso porque a temporada de pêlos voltou. Quem tem gato sabe o quanto o calor faz com que os felinos percam mais pêlos. E eu não posso fazer nada se a Lisbela gosta tanto da sacada quanto as plantinhas. A não ser ficar despelando as folhas de manjericão, manjerona, sálvia, alecrim... E como eu não pretendo me desfazer da gata nem da horta, a gente tem cuidado bastante pra não servir uma massa aos 4 mil pêlos. Dá uma olhada na combinação fatal:


terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sobre meninas e lobos

Minha filhota tem uma relação absolutamente idiossincrática com o lobo.
Morre de medo dele, mas volta e meia o chama pra brincar.
Tapa os olhos quando ele aparece no filminho, mas chama o pai de lobo e faz questão de brincar de menina que corre com os lobos quando ele chega em casa. Grita e se esconde quando acha que o lobo vem vindo, mas é a ele que recorre pra atribuir os próprios gestos, quando estes não são nada elogiáveis.
Quem foi que derramou o suco de uva na cama, pergunto. E ela: Foi o lobo, mamãe. Não bate na mamãe, digo. E ela: Foi o lobo, mamãe.
Um dia ela vai dizer que foi o lobo que pegou o carro sem pedir, que foi o lobo que esqueceu de ligar pra dizer que estava bem, que foi o lobo que fumou um baseado. E vai nos apresentar o namorado, que vai ser também um lobo - mau, bom ou qualquer outra coisa, conforme o ponto de vista.
O lobo polivalente, multiuso, assumido, temido, querido, odiado, testa de ferro, divertido, n.d.a. e etc., enfim, o lobo desconstruído, tá definitivamente incoporado na família.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Novíssimo look da Hebe

Na minha madrugada acadêmica de hoje, pesquisando a história da TV, encontro a seguinte informação:
Hebe muda o visual e adota nova cor para seus cabelos.
Detalhe: isso aconteceu em 1957.
A divulgação de fatos totalmente irrelevantes da vida das celebridades midiáticas - da cor das melenas à calcinha - existente ou ausente - não é de ontem.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O lado palha* de Paglia

Ela deve ter, como eu e todo mundo, um monte de coisas chatas.
Mas o que me chamou atenção na palestra da Camille Paglia ontem foi o grau de nervosismo e ansiedade da persona.
Ela estava (e me odiaria se soubesse que usei essa palavra) totalmente histérica.

* Pros leitores mais jovenzinhos e pra minha parceira de blog venuss: palha é um gíria que vem dos anos 80. Significa coisa chata, ruim. Pelo que sei, surgiu a partir da constatação de que fumar maconha ruim equivale a fumar palha.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Chantagem emocional

Desde o estágio pessoinha, o ser humano já aprende as vantagens da adulação.
Com minha filha Mariana não podia ser diferente, e lembrei disso hoje de manhã.
Quando ela tinha perto de 2 anos e estava no berço, querendo que eu fosse até lá, ela me chamava assim:
- Mamãe, mamaãe, MAMÃÃÃÃE, vem aquiiiiii. A Miana te ama!

Pacientes vs. impacientes

Minha comadre tá no hospital há semanas. E tem coletado histórias fantásticas de semnoçãozice, claro. Porque lugares pra onde o stress converge tendem a despertar em algumas pessoas o que de mais estúpido elas têm.

Minha amiga estava mal. Bem mal. (Agora está melhorando, pra nossa completa felicidade). Mas enfim, estva ali, péssima, sendo levada na cadeirinha de rodas pela enfermeira prum exame complicado em outro andar.

O elevador de transportes de pacientes, identificado com placas grandes que advertem, pelo lado de fora e pelo lado de dentro, que aquele é um elevador pra uso exclusivo de pacientes e equipe do hospital, chegou. A porta abriu. Dentro, adivinha, um bando de gente. Agora pergunta se eram pacientes. Claro que não. Eram impacientes, isso sim.

Pessoas em perfeitas condições (ao menos físicas). Mas mal-educadas, sem noção, pertencentes à mesma subespécie que estaciona em vaga de deficiente, vai com rancho pro caixa expresso do super, pára em fila dupla e fala aos berros no celular no restaurante.

A enfermeira disse que precisava levar a minha amiga no elevador.

E um dos caras plantados aonde não devia se autopromoveu a porta-voz do bando e declarou:
- Ah, nós só vamos até o outro andar e logo mandamos o elevador de volta pra vocês.

Pode isso? Não pode!

Minha amiga, doente mas não indiferente, então fez uma coisa ótima: disse que não. Que aquele elevador era pra pacientes, e que ela era paciente, e estava em cadeira de rodas, e não ia esperar que eles mandassem o elevador de volta. E falou pra todo mundo sair do elevador e pegar o correto.

Não restou nada àquele pessoal, a não ser sair do elevador, claro.

Maravilhoso isso, né?

Minha amiga tava engolindo um monte de coisas: remédios pra dor, pra febre, antibióticos mil. Mas sapo ela não engole!

Viva a Liane.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Badanha voltou

Estou fazendo outro trabalho grande de revisão. E esqueci de tirar o Badanha de seu posto oficial. Hoje ao meio dia, na ligação do cliente em meio ao caos do pássaro burro ele, todo sério, me pergunta: Quem é o Badanha?
E antes que eu esquecesse de trocar isso de novo, reinstalei correndo o Office inteiro.
Mas que eu vou sentir saudades do Pai do Badanha, isso eu vou.

A febre do pão

Entrei no carro e comentei com o marido, bem feliz:
- Bá, hoje o pão tava tri quentinho quando peguei ele na padaria.
E aí só ouço aquela vozinha querida vinda da cadeirinha do banco de trás, perguntando, preocupadíssima:
- Mãe, o pão tava com febre???

Bactéria, cemitério e parquinho

Coisas que concluí depois do feriadão:
1 - Bactérias são bichos escrotos. Deviam se limitar a sua pequenez, brigar com alguém do tamanho delas e não ficar atacando minhas amigas queridas.
2 - Cemitérios seguem sendo um lugar pacífico. Mas tem um detalhe: não fui ao cemitério na sexta, dia de finados, senão acho que não diria isso.
3 - Parques de diversões são bizarros, pessoas que vão a parques de diversões são mais, e eu obviamente me incluo nessa categoria.

Bem na hora do almoço

Tava eu sentada no sofá, almoçando enquanto assistia a Festas de Nigela (acho que gosto de almoçar assistindo a programas de culinária pq mastigo sem olhar pro prato e sonho que estou comendo aquelas coisas deliciosas que ela faz). Ouço o celular tocando no quartinho onde trabalho - que seria a dependência de empregada do apê. Atendo o dito em horário de almoço (erro número 1), sento na cadeira do micro e fico ouvindo o cliente passar suas considerações e dúvidas sobre o trabalho quando vvvrruummmmm, uma coisa passa voando por cima da minha cabeça. Traumatizada com a história do morcego que pousou nas minhas madeixas enquanto eu dormia (essa história eu conto numa outra hora), só me abaixei e tentei identificar o que era. Nisso a Lisbela que até hoje nunca tinha miado, começa a soltar miados agudos duplos em direção ao bicho que naquele momento consegui identificar: um pequeno pássaro burro. A cena que se seguiu incluía uma ruiva abaixada com o celular na orelha, um pássaro se debatendo contra o teto e as paredes e uma gata ensandecida miando e tentando escalar qualquer coisa que a deixasse mais próxima da ave. Lembrei da Eva lutando contra o bicho preto peludo que dividiu o carro com ela por instantes.

Abri toda a janela do quartinho, a da área de serviço aqui do lado, por onde o passarinho entrou, já estava escancarada. Peguei uma vassoura e tentei conduzir o bicho pra fora da casa. Por 42 minutos eu tentei. Juro que tentei. Com vassoura, pano de prato, sinal de mão e uns gritos de susto. Pulava de uma cadeira pra outra pensando que conseguiria guiar o bicho até a janela, mas ele insistia em voar só na altura do teto. Detalhe, alternava os pulos nas duas cadeiras de escritório, dessas giratórias que quase me renderam um dente quebrado, porque crianças não devem pular em cadeiras de rodinha.
Lembrei de uma canga grandona, de tecido levinho, talvez esta fosse a resposta. Tentei capturar o bicho com ela, mas mesmo ele estando ofegante e mais lento em razão do cansaço, a canga não foi a solução para os meus problemas. E eu cansada e ridícula pulando nas cadeiras de pijama (sim eu ainda não tinha tomado banho, tava terminando um freela urgente), com a janela aberta e sacudindo uma canga colorida. Quando eu vi que já haviam passado mais de 40 minutos, resolvi partir pro desespero e jogar a canga pra cima dele. Numa dessas ele se enrolou no tecido e perdeu altitude, foi aí que encontrou o caminho na altura da janela aberta e saiu voando em linha reta.
Arrumei a bagunça do quartinho, recoloquei a lâmpada do teto que fiquei com medo de quebrar entre um pulo e outro e fechei a janela. Limpei o cagão da ave na minha pilha de livros e sentei aqui pra contar isso tudo. Agora preciso de um banho que abanar canga no horário do almoço faz a gente suar.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Coisa de mãe

Enquanto a Eva conta algumas das maravilhas (e outras nem tanto ) de ser mãe, eu ainda faço só o papel de filha. E quero dar o meu depoimento do lado de cá da maternidade.

Quando eu tinha 11 anos, ganhei um gato ruivinho. Lindo. A gente vivia grudado. Ou melhor, eu grudava nele e ele com toda aquela delicadeza e destreza felina, se esquivava nas vezes em que eu apertava demais. O Mina era o meu companheiro. O gato que eu sempre quis ter. E tinha. Sentava no meu colo enquanto eu fazia os temas de aula. Mais tarde, esperava no muro quando eu voltava da faculdade pra mostrar o quanto eu fazia falta. Ele dormia e acordava comigo.

Quando vim pra Porto Alegre, ele ficou na casa da minha mãe, porque aquele era o seu lar. Mas ele sempre me reconhecia. Quando eu voltava pra casa, me recebia como se eu nunca tivesse saído dali. Quando falava por telefone com a minha mãe e ele estava por perto, eu chamava Miiiinnnnaa, e ele levantava as orelhinhas pra me procurar, palavras da minha mãe.

No início de outubro, ele fez 16 anos e já estava velhinho e doente. Há mais de um ano ele vinha meio guenzo, mas ainda era o rei da casa, o meu tigrinho. Nestes últimos tempos, comecei a conviver com a idéia de perdê-lo. As lágrimas vinham ao primeiro pensamento e eu só me via aos 11 anos imaginando que aquele gato seria eterno.

Hoje à tarde minha mãe ligou. Num tom de voz estranho, disse que as coisas não estavam bem. E, como se eu ainda tivesse 11 anos, pediu pra que eu acendesse uma velinha porque o Mina estava no céu.

Só uma mãe pra encontrar uma forma tão sensível e delicada pra dizer que o meu bichinho não está mais aqui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Nana, nenê

Ontem à noite, pela primeira vez, vi de verdade alguém pegando no sono - fingir sim, eu já tinha fingido que olhava, que velava, que zelava, que estava ali. Mas olhar de verdade, isso eu nunca tinha feito antes.

E descobri porque: nunca vi alguém pegando no sono por pudor.

Porque olhar alguém pegando no sono é flagrar uma coisa tão íntima, imensa e intensamente íntima, que, na hora H, a gente desvia o olhar.

Olhar alguém pegando no sono é ver o olho da pessoa se voltando para dentro dela mesma e para além do que se enxerga. Olhar alguém pegando no sono é sentir aquela respiração virando um soprinho, e ter um medão danado que ele pare.

Olhar alguém pegando no sono é uma despedida.

Ontem eu não desviei o olhar, e vi minha pequena-média filha adormecer. E como eu já estou mesmo condenada por indiscrição, confesso mais uma culpa: a da grande vontade que eu tive de entrar nos sonhos dela.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

E não é que funciona?

Comentário rápido pós sessão dupla de análise: esse bendito rímel é a prova d'água mesmo.

Bafo na nuca


Depois do leitão vesgo, da galinha morta e do cu da cobra, é hora de ilustrar mais uma boa expressão que resume tudo: é o bafo na nuca.
Como a nuca em questão é a minha pobre nuquinha de mestranda em fim de curso, não deu tempo de fazer um monstrinho bafento, e apelei pro Cookie Monster do Jim Henson / Vila Sésamo mesmo.

Nota Zero

A imprensa tem me dado seguidas noções de semnoçãozice. A Veja, por exemplo, quando acho que chegou ao fundo do poço, me brinda com aquela "reportagem" sobre o Che Guevara - reportagem entre aspas, pra não ofender os jornalistas que fazem reportagens de fato. Eu já estava por aqui com a revista há horas, mas com essa eles conseguiram provar que tudo sempre pode ser pior e mais tendencioso.
E a minha lista de comentários azedos poderia ser longa, longuíssima, não fosse o bafão na nuca da dissetação.
Então o post vai se ater ao mais recente caso de coisas tristemente hilárias da imprensa. Meu desgosto do momento é com a Zero Hora de hoje, segunda-feira, 29 de outubro de 2007.
Pela terceira vez a Zero Hora traz uma notícia sobre as gravações do Casseta e Planeta no estado. Na semana passada, foram duas matérias, e hoje é uma nota na página 3. É a completa perda de noção do que é relevante. É de um provincianismo abissal. Dá pra ter uma idéia do perfil que o jornal imagina pro seu leitor, inclusive pra mim. Socorro! Passa aqui um link pro Observatório da Imprensa , pro CMI ou mesmo pra Folha, pra ver se meu mal-estar passa.
E aí, pra completar, ainda tem, na seção de Economia (!) da ZH de hoje uma matéria sobre um arquiteto que visitou a mostra Casa e Cia. e tem trabalhos expostos ali. Pra que isso na seção de Economia? E mais: pra que isso???
E era isso porque tenho que dissertar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Achei, achei, achei

Depois de dias e dias em busca do colchonete perdido , não é que eu acho o troço?
E o sumiço do dito cujo não tinha nenhuma relação com a biologia - não tava debaixo do cu da cobra, como sugeriu a venuss, e nem tinha virado lesma pra se arrastar pra casa dum vizinho como disse Sean.
Na verdade, quem deu a melhor pista foi o Enio, que falou nos lugares óbvios.
Pois o colchonete estava num lugar ululante de tão óbvio. Tava no fundo de um armário grande (que o corretor que nos vendeu a casa, num arroubio de otimismo, chamou de closet).
Agora acabaram as desculpas pra não fazer abdominais, que pena!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tropa de Elite, linguajar nem tanto

Eu achava que falava muito palavrão. Mas fui ver Tropa de Elite e vi minhas merdas, bostas e putaqueparius não são nada perto da forma como os caras do BOPE falam uns com os outros.

E o filme é muito bom, independente da gente achar certo, errado ou muito antes pelo contrário aquilo tudo. O filme vale o ingresso. Montagem perfeita, ótimo roteiro, mais uma boa razão pra achar o Wagner Moura um baita ator, e uma reafirmação da estética da favela - que parece estar virando uma das marcas da produção audiovisual brasileira dos últimos anos. Se não dá pra acabar com a favela, que pelo menos ela seja mostrada, escancarada, percorrida por lentes e zooms, assumida mesmo.

Mas pro meu post não terminar assim tão papo-cabeça, aproveito pra deixar aqui uma dica pra produtora daqueles vídeos XXX, a Brasileirinhas: que tal uma versão pornô sado-masô do filme, intitulada Trepa de Elite? Hein? Hein? Hein???

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Procura-se

Procurado

Vivo ou morto, dobrado ou estendido.
COLCHONETE
Tamanho 50cm x 80cm.
Consistência mais ou menos macia.
Negro.
Parecido com o da imagem anexa.

CUIDADO:
À aproximação de um estranho, ele pode tentar enrolar!
Procuro desesperadamente e desde ontem um colchonete. Não um qualquer, o nosso colchonete aqui de casa. Guardei a coisa em algum momento do longo e tenebroso inverno que passou, e agora, com a chegada da primavera e da necessidade de fazer uns abdominaizinhos, não encontro de jeito maneira. O mais incrível é que um colchonete não é pequeno nem difícil de localizar e minha casa não é exatamente uma mansão. Onde, raios, eu fui meter o bendito colchonete? (Não, não, por favor, não responda, eu sei o que você ia dizer agora).

Presente de aniversário

Ontem, duas semanas depois de completar 28, encontro o primeiro cabelo branco que eu me recuso a chamar de meu.

sábado, 20 de outubro de 2007

O outro sempre tem algo a dizer

O Outro sabe de tudo.
O Outro entende.
O Outro interpreta.
O Outro fala e tá falado.
Todo mundo já ouviu falar d'O Outro. O Outro é o autor mais citado do planeta.
Quem já não ouviu alguém um dia dizer "é como diz O Outro: blablabla blabla bla blablabla"?
Se você não souber o que dizer sobre qualquer coisa, recorra aO Outro. O Outro sempre tem algo a dizer.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Eva e a cobra


Minha filha segue a tradição familiar de várias gerações e, como eu, tem o segundo nome Eva. (Ela vai me culpar muito por isso na adolescência, eu sei. Mas depois, lá pelos 30 e poucos, ela vai começar a achar o Eva interessante, um diferencial. Vai ver que isso pode virar assunto - inclusive com pretendentes a Adão -, vai perceber que o Eva serve pra brincadeiras quebra-gelo, e quem sabe um dia até vai ser útil como pseudônimo nem tão pseudo assim).

Mas vamos à cobra prometida no título do post.

Minha filhota-Eva tem uma cobra de pelúcia que normalmente se enrosca na borda da caminha dela. Ontem, uma das avós veio dormir aqui em casa pro casal de progenitores poder sair um pouco. E essa avó, minha sogra, tem PAVOR de cobra.

Sabedora do problema, a minha pequena Eva resolveu curar a avó fóbica usando uma técnica digna do Analista de Bagé: obrigou a pobre senhora a dormir bem abraçada na cobra de pelúcia.

Acho que meu marido e eu não vamos mais conseguir sair sozinhos tão cedo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Banho

Depois de dois dias e meio sem tomar banho direito, hoje contribui potencialmente para o aquecimento global - meu banho valeu por três.
Enquanto a água quentinha caía nas minhas costas, fiquei pensando nas brigas da infância pra não tomar banho. Eu ao menos era mais esperta que o meu irmão: fechava a porta do banheiro, tirava a roupa, ligava o chuveiro e ficava do lado de fora do box, esperando o tempo do banho fantasma passar. Mas antes de sair enrolada na toalha, sempre molhava o sabonete pra não deixar rastros. Ele não.

Lotação esgotada

Levei o carro pra revisão. E mais uma vez tive a oportunidade de ver em ação minha total incompetência geográfica aliada ao meu subconsciente.
Saí da mecânica e cruzei a avenida, sabendo que havia duas linhas de lotação capazes de me levar de volta pra casa e pra minha dissertação.
Obviamente não peguei nenhum delas. Olhei algumas lotações passando, e vi inclusive, meio longe, uma das que eu devia pegar. Mas fiz sinal pra lotação que vinha na frente. O nome era estranho. Não lembro qual era, mas podia ser inclusive Timbuktu, Antofagasta ou Anta Gorda, porque não faria diferença. Quê, viagem pra Índia, vôos de balão pela Turquia ou caminhadas pelos deserto, que nada. A adrenalina tá aqui mesmo, numa lotação qualquer, pertinho de você. Deve ter sido mais ou menos isso que passou pela minha oca cabeça, porque não tem outra explicação pra eu ter entrado naquele microônibus. Ou tem, não sei, pra isso você vai ter que ler o post até o fim.
Olhei o itinerário. Depois de Padre Cacique, não tinha nenhum nome de rua familiar. Mas deixa o micro me levar, cantarolei. E fui indo, até que tudo começou a ficar estranho. Pedi pra descer. Eu tava em frente a uma vila. Do outro lado da rua, uma vila. Lá longe, vila. Pro outro lado, vila também. Uns táxis passaram, nenhum parou ao meu sinal.
Resolvi me jogar pra dentro da primeira lotação que passasse. Nada contra vilas a perder de vista, cruzadas por um córrego imundo e uns caras me olhando meio estranho com copos de pinga na mão antes das 9 e meia da manhã, mas era melhor ir pra casinha mesmo.
Uma lotação passou e - ufa - parou. Ela ia pra Tristeza, alegria, alegria. Fomos sacolejando pela ruas que o Fogaça não conserta, e todo mundo foi aos poucos descendo. Eu segui, pensando que talvez por alguma estranha razão quem sabe a lotação tivesse subitamente mudado o roteiro e passasse a passar perto da minha casa. Mas bem capaz. Chegou uma hora que o motorista perguntou:
- A senhora não vai descer?
Odeio quando me chamam de senhora. Mas deixei esse assunto pra outra hora e falei, com cara de quem sabe o que faz:
- Me deixa perto do Banrisul, por favor.
Agora eu tava ao menos num território conhecido. Tive que esperar mais um tempão, e aí finalmente passou uma das duas lotações que passam perto da minha casa. Uma das que eu devia ter pego na frente da mecânica.
As coisas que a gente não faz pra fugir da dura tarefa de escrever uma dissertação...

Só um botãozinho


Em algum lugar existe uma patroa. E, havendo uma patroa, há uma empregada doméstica.
Bem, essa empregada doméstica está, ao lado de alguns tipos de ouriço-do-mar, as minhocas e os cachorros Weimaraner, entre os seres mais limitados do planeta. Naquela cabecinha oca, Teco padece de solidão porque nem Tico por ali habita. E o lema da criatura seria oligofrenia pouca é bobagem, se ela soubesse o que é oligofrenia, e o que é bobagem.
Um dia estragou o aspirador de pó. E a patroa providenciou um novo, mais potente, pensando talvez na importância de dar boas ferramentas de trabalho à empregada, ou então pensando que se o conserto custa caro assim, melhor comprar outro, sei lá eu.
O aspirador novo & potente tinha um botãozinho apenas. Um. Unzinho.
Trabalhar com o aspirador significava apertar o botão pra ligar. E pra desligar, era só apertar de novo o mesmo botãozinho, até porque não tinha mais nada no aspirador pra ser premido.
Por via das dúvidas, a senhora essa que trabalha pra minha amiga foi orientada a nunca, mas nunca mesmo, apertar o tal botão com o pé. Vai que Teco não desse conta da tarefa e o pé, pesado demais, estragasse a nova aquisição doméstica.
Mas a faxineira nem precisou do pé pra estragar o aspirador. Usando um dedo só, no segundo dia de uso, ela detonou com o eletrodoméstico, dando continuidade a um longo histórico de intervenções desastradas na paz do lar da minha amiga. Se alguma empresa de eletros precisar contatar essa senhora, pra usar como testadora de eletros (sim, porque, passando incólume pelas mãos dela, deve passar por qualquer coisa), basta me contatar que agencio a contratação. Só não me perguntem porque minha amiga continua com essa empregada-destruidora-de-coisas-da-casa porque isso nem ela entende.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Ainda zumbis


O post abaixo me fez lembrar de uma cena ma-ra-vi-lho-sa do filme Zombie - O Despertar dos Mortos. Os zumbis-comedores-de-gente atacam uma ambulância e devoram toda equipe ocupante. A certa altura, uma voz no radio tenta contato com os que já não mais ali estavam:

- Hello, everything ok? Hello, hello!

Um zumbi antenadinho pega o rádio e responde:

- Send more paramedics.

Post-mortem

Numa reunião, define-se a data final para entrega de um trabalho. É o dead line. Logo depois, define-se a data final-final, o prazo fatal mesmo.
Seria esse o zombie line então?

Filezinho

Estava eu a esperar o marido pra almoçar num restaurantezinho.
Sem nada pra fazer exceto perder na paciência pro meu Palm Top, fico ouvindo os papos alheios.
Numa mesa próxima, um rapaz comenta:
- ...bá, filezinho, cara...
Fico toda feliz: hmmm, tem filé no buffet.
O moço acrescenta:
- ...18 aninhos, gostosinha!
Ele comeu, mas não foi no buffet daquele restaurante.

Banho tcheco?

Ontem fui fazer um exame no imunologista pra descobrir a causa de algumas alergias. Chego no tal médico, indicada pela dermatologista, e ele pergunta se eu já conheço o procedimento. Inocentemente digo que sim: o senhor vai colar uns adesivinhos nas minhas costas e eu volto na quinta feira pra tirá-los e ver o que aconteceu.
E ele: sim, isso. Mas tu sabe que não pode molhar?
Tô sabendo agora. E como faz pra tomar banho, coloca um plástico?
Não, não toma.


Alguém quer sair pra dançar amanhã à noite?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Delicadas reticências

Fui ver "As Leis da Família", mas una hermosa pelicula argentina.
O filme é a antítese das apoteoses publicitárias. Nada de hipérboles. No lugar do exagero, delicadezas, reticências, parênteses que não se fecham, intenções que podem ou não se concretizar, suspeitas com ou sem fundamento, sonhos que se realizam mas também não acontecem.
Um filme delicado, dolorido e delicioso.
Alegre e triste como a vida.

Chora coração

Eu, em Rivera, escolhendo entre um ou outro rímel:
- Este és prova dágua, este no.
- E qual a diferença?
A vendedora bem séria:
- Con este puedes chorar a vontade. Con este no.

domingo, 14 de outubro de 2007

Quem fizer gol ganha

Meu marido gosta de futebol. Pior, torce pelo inter. E toda vez que eu faço algum comentário sobre o fato dele assistir a alguns jogos ele sempre retruca: mas só os do inter. Como todo bom torcedor, o kit tem que ser completo: jogo na TV, comentários pós jogo no rádio e a fatídica mesa redonda do domingo à noite. Essa é de doer. Eu até já me acostumei com o fato de que narrador/comentarista de futebol ganha a vida pronunciando obviedades do tipo "tá zero a zero, quem fizer gol ganha". Mas o que não entra na minha cabeça é como esses caras que comentam futebol conseguem ficar mais feios e chatos a cada semana que passa. Acabei de passar pela sala e o susto com o cabelinho Xororó de um me fez vir até aqui escrever isso. Até sugeri pro marido ligar pro programa pra fazer alguma mobilização, vaquinha ou algo do gênero pra entregar pro cara, porque só falta de dinheiro pode justificar um cabelo daqueles.

sábado, 13 de outubro de 2007

Família feliz

Hoje notei que definitivamente tô ficando velha. E gagá.
O maridão e eu levamos a filhota pra ver o Barney no teatro (fazer o quê se a minha cria ama o bicho?).
E quando o dinossauro dandão entrou em cena meus olhos se encheram de lágrimas.
Mas não conta pra ninguém, tá?

Pirulitos às pencas

Eu sei que a intenção é boa, que as pessoas só estão querendo ver um sorriso no rostinho da minha filha, que afinal de contas é só uma cosinha de nada e blablabla.
Também sei que sou rabugenta, pentelha, paranóica e tudo mais.
Mas nada disso faz com que eu deixe de ficar chateada, braba, irritada ou, se eu estiver em TPM, puta da cara com as balas, pirulitos e outras porcarias que dão pra minha filha a toda hora. Na loja, no restaurante, na padaria, na pracinha ainda vá lá.
Mas dão bala de goma e pirulito na escolinha.
Na natação.
No médico!!!!
E na semana da criança, então, a coisa ultrapassa qualquer limite razoável.
Ninguém me pergunta se pode.
Ninguém pensa que aquele monte de açúcar definitivamente não faz bem.
Ninguém lembra que é um poooorre negociar com a criança pra que pelo menos ela coma aquilo depois do jantar.
E ninguém lembra que, fora as porcarias óbvias, tem tantas coisas gostosas e saudáveis que se pode dar pra criança a título de agradinho. Aqueles doces naturebas de banana prensada. Uma balinha de algas. Um biscoito integral. Uma barrinha de cereais.
Eu não sou um exemplo de boa alimentação nem nada, adoro porcaria, também gosto de bala, como no McDonalds vezenquando e quase não sinto culpa. Mas não consigo ficar calma quando vejo minha filhota sendo alvo de homenagens sem-noção.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O ornitorrinco faz 5 anos

Coisa bem boa festejar qualquer coisa.
Hoje tivemos um café da manhã de celebração, comemorando os 5 anos do ornitorrinco roxo que habita o cesto de bichinhos de pelúcia da Mariana há 1 semana.
Teve guardanapos coloridos, bolo, vela, parabéns - o clássico e o gaudério.
Achei lindo.
Tomara que logo a Mariana queira festejar o aniversário do Pof (o dragão), do Joca (o coelho verde), do Lóli (o lóris), da Papinha (a boneca que chora), da Glisna (entidade que minha filha incorpora de vez em quando) e de tudo quanto é coisa fofa com que temos compartilhado a vida ultimamente.

Nunca pensei

Nunca pensei que eu um dia poderia gostar tanto de festinhas de criança.
Nunca pensei que eu iria fazer tanta questão de dar um presente numa data tão comercial como o Dia das Crianças.
Nunca pensei que passar pouco mais de 12h longe da minha filha pudesse dar tanta saudade.

Nossa Senhora Destrancadora

O texto não é meu. Recebi da minha amiga Karen, não sei quem escreveu. Mas, fora o excessos de pontos de exclamação, tem muito a ver comigo. Então aqui vai:


CUIDADO!
ENTIDADE RELIGIOSA PERIGOSA: EXU TRANCA TESE!!!!!!

Você está na reta final da sua tese, dissertação ou monografia??? Você sente que existe uma força misteriosa que tira seu ânimo? Faz seu orientador adoecer ou sumir do mapa inexplicavelmente? Seu computador quebra ou é roubado com todos os seus dados e análises?

Lamento ser o portador dessa má notícia, mas... VOCÊ TEM UM EXU TRANCA TESE NA SUA VIDA!!! Recorra a Nossa Senhora Destrancadora de Teses para exorcizar essa entidade que tantos problemas nos traz!!!

Novena para aqueles que foram vítimas de alguma das artimanhas do "Exu Tranca Tese", ou para aqueles que querem proteção contra essa entidade:

Nossa Sra. Destrancadora das Teses e Dissertações, em ti confiamos para a proteção contra o Exu Tranca Tese, nos proteja de: Queimação de pen drive; bibliografia em alemão; visita fora de hora; linha no word que não sobe com "del"; fotocopiadora quebrada. Dá-me: encontros com o orientador no corredor da Universidade e livro emprestado com data de devolução pra 2050. Ah, senhora, livra-me também das perguntas indiscretas, das dúvidas fora de hora, e das certezas idem. Ajuda-me a lembrar dos nomes dos autores e da pronúncia deles, assim como do modo como se faz notação de revistas. Nossa Senhora, livre-me de pensamentos acerca de minha tese durante meu sono. Que eu possa dormir o sono dos justos impunemente, sem que eu tenha que me levantar ou acender a luz para anotar insights invasivos que detonam minha mente quando preciso descansar para mais um dia de batalha! Que tais pensamentos venham na hora certa, quando me sento diante de meu PC e eu não me torne um zumbi.

Ó Senhora, desperta no meu orientador uma enorme vontade de ler minha tese. Que ele a leia com olhos vigilantes, para não deixar passar nenhuma monstruosidade, mas também com olhos piedosos, para me deixar ir enfrentar a banca. E que a banca, Senhora, me dê os apertos que achar necessários, mas que ao final assine a poderosa ata, redenção final dos meus inúmeros
pecados. Nossa Senhora, meu orientador insiste em dizer que a minha tese está, entre aspas, uma merda, mas eu sinto que a Senhora vai me dar um luz bem forte e lançar como de um passe de mágica, artigos que abram meu cérebro tão debilitado por tamanha pressão. Minha Santa querida, já que eu fiz esta escolha na minha vida e sinto na obrigação de terminar, me da forças para não matar um! AMÉM!!!!

Gremlins


O Luiz Garcia, professor da ESPM SP, tem uma boa metáfora pra atividade acadêmica:
As perguntas numa pesquisa parecem Gremlins. Qualquer coisinha, e elas multiplicam barbaramente.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mosca tonta


Minha cabeça é uma caixinha de supresas.

Por que será que desde os 14 anos não consigo esquecer que o nome científico da mosquinha da fruta é Drosophila melanogaster?

Você não é Gunga Din

Quem assistia aquele desenho chamado Máquinas Voadoras, em que o Dick Vigarista e o Mutley tentavam capturar o Pombo Doodle?
Eu assistia.
E ontem à noite por algum inexplicável motivo lembrei de uma frase do Dick Vigarista quando este xingava o cãozinho perdido em devaneios megalomaníacos, em um dos esquetes que sempre apareciam dentro da série e que tinham o nome de Mutley, o Magnífico.
Espumando de raiva, Dick Vigarista berrava nos ouvidos de um Mutley viajandão:
- Acorde, Mutley. Você não é Gunga Din, nem um rei que foi coroado.
E aí quando chega a hora de lembrar de algo útil, tipo o lugar em que deixei a chave de casa, o nome da pessoa que acaba de me cumprimentar efusivamente ou o dia do prazo pra entrega de um texto obviamente eu não lembro, porque minha memória tá toda ocupada com coisas como essa do Gunga Din

Nada, nada

Voltei a nadar.
Há quatro anos eu estava praticamente imóvel, sem me mexer, só cultivando o corpinho de academia acadêmica, branquinho, molinho de tanto ficar na frente do computador e cercado de livros de letrinha miúda.
Isso depois de ter nadado por anos, a ponto de ter sido obrigada a aposentar vários blazers (foi no tempo em que eu tinha que usar blazer) por causa dos ombros que aumentaram de tamanho. E depois de eu ter feito musculação quatro vezes por semana até o oitavo mês de gravidez sem precisar baixar a carga. Aí veio a filha, aí comecei a dar aulas, aí veio o mestrado. E aí entrei num estado de pause.
E confesso, só saí da letargia por causa da chatice alheia.
Foi assim: coloquei a filhota na natação por causa dos probleminhas pulmonares dela. E tinha (e segue tendo) lá na piscina um professor chato. Chato não, chatânico. Horrível. Pentelho. Que ficou pegando no meu pé, me dizendo pra nadar. E eu ali, tentando ler os livros do mestrado no bafão de cloro da piscina.
E eu voltei a nadar só pra não ficar ouvindo ele pegar no meu pé.
Não é uma razão bonita nem nobre nem nada. Mas nadar assim é melhor que nada.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Palavras ao fone

- Oi, e daí, como é que tu tá? - diz ele.
- Tô bem, fora uma dor de cabeça chata.
- Mas mulher é assim mesmo, ou tá com dor de cabeça ou tá reclamando de alguma coisa.

Berço

Minha filha tá quase do tamanho do berço.
Mas o que fica apertado mesmo é o meu coração, de ver como ela cresce depressa.

Coceira na mão e na língua

Papo rápido pós-viagem: ô gentinha que não güenta ficar nem 2 minutos longe do celular. Mal o avião toca no solo e dá pra ouvir os 'tirilim' dos celulares sendo ligados.

E, se a novidade que ouvi hoje de manhã na TV pegar, logo, logo esse povo vai ter uma grande desculpa pra toda essa "coceira de celular": um grupo de alemães desenvolveu uma tecnologia capaz de recarregar o celular com o calor das mãos. Então, mantenha seu filhote aquecido.

E ainda na carona do papo celular: ver pessoas atendendo o dito no meio de eventos, palestras já é lugar comum, agora ver a palestrante que acabou de falar no maior papo via cel no meio da fala de outra pessoa, isso é uó.

Não era o James Brown

Eu estava sozinha em casa por horas tentando escrever a dissertação. Lá pelas tantas - e graças a Deus - chegou a hora de pegar a Mariana na escolinha. Louca pra me desconcentrar um pouco das lides acadêmicas, me joguei dentro do carro, bati a porta e ia virar a chave.
E aí uma coisa preta peluda pulou em cima de mim emitindo sons selvagens.
Gritei, pulei, surtei total. Foi susto pra taquicardia, pra pedir os sais, pra se abanar com um leque por horas, com acontece com as tias de vestidos floriados das novelas de época da Globo.
Apesar do pavor-pânico absoluto, consegui perceber alguma coisa. Constatação número 1: O que havia pulado sobre mim era preto, peludo, barulhento e relativamente pequeno. Constatação número 2: não se tratava do James Brown ou do fantasma dele. Constatação número 3: a coisa não estava morrendo de amores pela minha pessoa.
E eu continuava dentro do carro, e a coisa preta e peluda corria também dentro do carro, pelas paredes, por toda parte, fazendo FSSSSTTTTT.
Depois de segundos que pareceram séculos, consegui ver o que era.
Era o gato preto que vive fazendo cocô no meu quintal e que tenta comer a Meg, minha gata (que depois da tosa tá pra lá de feia, mas depois de uns whiskas pelo jeito dá pra encarar, ao menos do ponto de vista do gato preto).
O tal monstro tarado e sem noções de higiene nem de estética estava dentro do meu carro. Comigo.
E estávamos ambos imensamente assustados.
Abri a porta do carro.
O bicho e eu nos jogamos pra fora juntos.
O gato se atirou contra a porta dos fundos da garagem, que dá pro pátio. Deu com a fuça no vidro. Aí ele subiu pela grade pantográfica da porta. Quando não tinha mais grade, ele começou a andar de lado pela grade, sempre fazendo FFFSSSST, com as orelhas bem pra trás, me mostrando todos os dentes e unhas.
Me vieram então mil idéias diabólicas, todas absolutamente condenáveis do ponto de vista das entidades que militam pelos direitos dos animais. Mas achei que seria menos trabalhoso deixar o gato sair.
Tentei expulsar o ser peludo com ajuda de uma vassoura. Claro que ele não saiu. Subiu as escadas correndo, e juntos fizemos uma maratona por toda casa, ele, eu e a vassoura. Todos com os olhos esbulgalhados e arfando - menos a vassoura, claro.
Depois finalmente o felino desceu novamente pra garagem, e aí, com tudo bem escancarado, ele conseguiu sair.
O pior é que, mesmo depois desse susto todo, tenho certeza que minha graminha vai seguir servindo de patente pro bichano, e a Meg vai continuar dando pro danado.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dissurtando

Por causa da dissertação, estou condenada a assistir 24h de transmissão televisiva da Rede Globo.
Pensei que seria fácil, indolor e até eventualmente divertido.
Nunca na história desse mestrado alguém se enganou tanto.
Cara, é chato demais.
Como é que as pessoas conseguiam sobreviver sem controle remoto, lá pela era cenozóica, por aí?
Depois de horas em frente à TV, me sinto em outra dimensão. Parece que anos e anos se passaram, e eu fiquei aqui, presa no sofá com a TV ligada. Entrei em outro espaço-tempo. Fui abduzida. Isso aqui é videodrome. Laranja mecânica. SOCORRRRROOOOO.
E pra piorar tudo (sim, tudo sempre pode ser pior), nessas 24h de TV que gravei tinha um jogo de futebol. Com locução do Galvão Bueno.

domingo, 7 de outubro de 2007

Tira o ornitorrinco da boca

Ser mãe não é só uma experiência linda e maravilhosa. Ela também tem momentos de pura bizarrice. Uma boa parte do que uma mãe diz aos rebentos é absurda. Por exemplo estas, todas reais:
Não esfrega a banana na escova de cabelo, minha filha.
Bota peluda, cinco cachecóis e touca de lã não combinam com uma tarde ensolarada de janeiro, querida.
Não, a gatinha não vai gostar de ser colocada dentro da maletinha de brincar de médico.
Escovar o gato é muito legal, mas a escova de dentes da mamãe não serve pra isso.
Agora, o cocô vai se encontrar com os amigos lá na terra dos cocôs; tchau, cocô!
Minha filha, tira o ornitorrinco da boca senão ele fura.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Só no meu

Que legal, né? A governadora Yeda tá promovendo um amplo debate com a sociedade pra falar de como vai sanar o déficit nas contas do RS. Mas então estão debatendo o mais lógico, ou seja, o fim de alguns dos muitos incentivos fiscais pras grandes empresas, certo? Nananina-nina-não! Isso não vem ao caso, não está colocado nem pela Yeda, nem pela grande mídia gaúcha. O debate proposto é o seguinte: temos vááárias opções. São elas: aumenta o imposto e quem paga a conta é o contribuinte, ou aumenta o imposto e quem paga a conta é o contribuinte. Ah, tem ainda uma outra oção: aumenta o imposto e quem paga a conta é o contribuinte. O imposto, a conta e o pato: quem acaba pgando é sempre a gente.

Peidágios

Algo cheira muito, mas muito mal nessa história toda das concessões e renovações dos pedágios das rodovias por parte do governo estadual.

Porto Alegre não é Anta Gorda

Nos últimos meses sou bombardeada com campanhas publicitárias alardeando as sensacionais realizações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Bom, começa que eu nem sabia que tinha uma, de tão largada que está essa pobre cidade. Mas a Prefeitura anuncia: colocou vigilância em 4 (isso mesmo: quatro. Um, dois, três, quatro) parque e praças. Como se não bastasse, me informa em outra campanha que pintou 12 viadutos. Peloamordedeus, a gente não tá numa cidadezinha de algumas deznas de milhares de habitantes. Isso aqui é Porto Alegre. Guardinhas em 4 praças e uma tintinha em 12 viadutos? E os caras ainda fazem campanha publicitária pra divulgar? É deboche, né? Eu, você, todo mundo nessa cidade que tá cada vez mais feia, mais suja e mais cheia de malvados merecia tão mais que isso.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Dá licença, Baudrillard

Como adoro um apocalíptico irônico, pego emprestadas umas palavrinhas do Jean Baudrillard, do livro Tela Total:
"a carteira de motorista com pontos é uma excelente fórmula. Escandaloso é que só o comportamento ao dirigir automóveis tire proveito. Seria preciso expandir e criar a carteira existencial com pontos. Cada infração, delito ou conduta imoral determinaria a retirada de pontos da existência - o esgotamento dos pontos implicaria a retirada da permissão de existir. Assim as vias de existência ficariam menos engarrafadas, uma vez liberadas de todos os que não sabem se conduzir. Salvo reciclagem, sob a direção de especialistas em consiência, a interdição de viver seria de execução imediata. Bastaria incrustar na carteira com pontos, sob a forma de implante programado para liquidar o recalcitrante com uma síncope automática. Seria a plicação incondicional dos direitos do homem. E veríamos então com mais clareza na aplicação justa e inexorável da democracia."

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Watts mas Volts

Há muitos e muitos anos, numa galáxia nada distante (aqui em Porto Alegre mesmo). Éramos todos estagiários ou pós-estagiários. E o Axel / Eduardo Axelrud, hoje diretor de criação da Escala fez dois anúncios daqueles de produto e preço que entram pra antologia dos trocadilhos publicitários. Foi pra Manlec. Numa página, um monte de eletroeletrônicos em oferta com a chamada:
WATTS NA MANLEC.
Virando a página, mais ofertas de eletros, e o anúncio parte II, a missão:
VOLTS SEMPRE.

Eddie Smurf

Com vocês, Eddie Smurf!
Não tem mestrado capaz de passar a limpo meu passado de redaotora publicitária.
E redator publicitário adora um trocadilho infame.

O segundo menor conto de fadas do mundo

Era uma vez um príncipe e uma princesa, que expulsaram a bruxa má do reino e viveram felizes para sempre.

domingo, 30 de setembro de 2007

O menor conto de fadas do mundo

Era uma vez um príncipe e uma princesa que viveram felizes para sempre.

Lalari-la-la

Frase fofa da minha filhota de três anos e meio:
- Mamãe, eu sou o CD e tu é a música.
Quase cantei de felicidade quando ouvi isso.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O executivo e as uvas

Zaffari da Otto, zona sul de Porto Alegre, por volta de 13h e 15min da tarde de hoje.
Um homem entre 35 e 40 anos, traje executivo - terninho, gavatinha, sapatinho lustradinho - e jeito de quem pode mais que os outros e várias coisas caras no carrinho está postado em frente a uma apetitosa pilha de uvas de mesa.
Ele come uma uva. Rumina feliz. Depois come mais uma. Mastiga, engole. Escolhe outra - nham!E manda outra. E pega mais uma. E outra, e outra, e outra, e muitas outras mais.
Perdi a conta de quantas uvas foram ingeridas.
Mirei o sujeito ostensivamente pra ver se ele parava, mas a atividade de baba-uva o absorvia por completo. Os funcionários ali perto não viram, ou fingiram que não viram.
Me deu vontade de mandar uma banana pro sujeito, que pegou e não pagou as uvas. Ou, em bom português, roubou.
Fiquei pensando como seria se o cara fosse pobre, mal-vestido, com um carrinho contendo só sabão, arroz, repolho e carne de segunda. Ele teria conseguido se empanturrar de uvas daquele jeito sem ser interpelado?

Furry Happy Monsters

Pra quem curte o REM e morre de saudades do maravilhosos Muppets, aqui vai o link pro encontro dessas duas coisas bacaninhas:
http://www.youtube.com/watch?v=zkHM8xG6i8o

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Paraíso

Depois de ficar enchendo este blog de posts delícias (o porquinho da índia aí debaixo eu passo, me nego a comer um bichinho desses) eu queria anunciar em alto e bom som que a Eva faz parte do grupo humano que eu mais desprezo, abomino, tenho ojeriza, enfim,
O hífen D hífen E hífen I hífen O:
ela come, come, come e, pra tristeza da torcida, não engorda.

Acho isso abominável.
Ignóbil.
Indigno do céu.
Porque pra mim o céu é um paraíso sem calorias.
E a Eva já mora nele.

Cui-dado que eu mordo

Pra compensar o excesso de açúcar do post anterior, resolvi comentar um dos pratos típicos do Equador. É o Cui. Porquinho da índia. Assadinho inteiro, com orelhinhas, olhinhos, unhinhas. Não sei dizer como prepara, mas duvido que aqui alguém queira saber mesmo. Mas confesso: eu comi cui. Roi até os ossinhos. Só não fiz o que um equatoriano sugeriu, que foi comer também o cerebrinho do animal.
Cui é delicioso.
Coitadinho do cui.
Importante: essa foto não é minha. Aliás, dá pra ver de saída que é um rapaz, né? Digo, o da esquerda, porque na direita está o infeliz cui. Como a minha foto da degustação não está boa, peguei esta na internet, do blog http://calvinarch.blogspot.com/

TPM total

Doce de leite de geladeira, quando adquire aquela consistência que permite equilibrar um montãozão em cima duma colher de sopa.
Leite condensado, também de geladeira - mesmo não dando pra empilhar na colher fica gostosamente denso.
Chandelle de chocolate branco muuuuito gelado.
Ambrosia.
Pudim de boa consistência regado a litros da calda.
Banana frita caramelada.
Ninho.
Uma sobremesa que tem domingos no Machry (bistrôzinho querido da zona sul de Porto Alegre)e que consiste em um creme com jeito de doce de leite misturado com leite condensado, repleto de pedacinhos de bolachinha de ginger (aquelas bolachinhas fininhas crocantes e que levam gengibre).
Uma torta que a venuss comeu agora há pouco e teve o desplante de descrever num e-mail: é de negrinho e branquinho. Tem uma massa podre de chocolate super-hiper fina e uma camada gorda de leite condensado puro cozido e outra camada gorda de negrinho. A coisa mais doce e enjoativa que o universo culinário já criou.
Qualquer coisa que faça mal, engorde toneladas, arranhe a garganta e seja de uma doçura enjoativa ou pior.
Adivinha se eu tô em TPM?
(Special thanks to venuss, que ajudou a construir essa gorda lista, e que, pela descrição da torta que ela fez, também tá visivelmente em TPM)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Palmas pro Palm

Uma das melhores coisas que me aconteceram na vida foi o Palm Top. Mas antes de você comentar a pobreza que deve ser minha vida sentimental e espiritual, quero destacar que o Palm foi uma das melhores coisas MATERIAIS que já me aconteceram.
O Palm Top é um daqueles itens sem os quais hoje eu não sobrevivo mais. Primeiro, porque é tão fácil de mexer que até eu, que tenho conhecimentos de informática mais ou menos equiparáveis a uma mulher de neandertal, consigo. Depois, porque o Palm é a materialização dos mais loucos desejos de quem tem (nem que seja um pouquinho) TOC.
Dá pra colocar tudo no Palm. Cabem listas e mais listas - listas de futuros, como coisas que a gente ainda quer ler, escutar, assistir, fazer, visitar, colocar no guarda-roupa. Listas de passados - como o nome dos colegas da aula de natação do ano passado, a lista de filmes que você viu, os lugares que já visitou, as coisas que emprestou e não te devolveram. Cabem milhões de nomes, e dá pra colocar anexos nos nomes com informações úteis como a descrição da aparência da pessoa, número de filhos, de onde você conhece, se a pessoa tem bafo, qualquer coisa. Dá pra programar os registros pra que sejam repetidos, então a gente coloca o aniversário do fulano ali uma vezinha, programa e pronto, nunca mais a gente esquece o aniversário do cara. Todo ano o santo Palm avisa da data querida. Também dá pra colocar ali tudo que tem que ser feito, do pagamento da conta à hora de trocar os sachês das gavetas, ou de virar o colchão (sim, sim, eu faço tudo isso - meu TOC é do mais alto grau). Ah, e tem mais duas coisas sensacionais: 1) o Palm te dá aquele prazer absurdo de tirar coisas da pauta do dia sem precisar marcar ou riscar e 2) É ótimo pra tirar da bolsa e impressionar alguém (sim, sim, as pessoas ainda se impressionam com esse sucedâneo de agendão eletrônico, especialmente quando você pega a canetinha e começa a escrever na tela).
Palmas pro Palm que ele merece.
Importante: quando falo em Palm, me refiro a todo tipo de handheld. A 3Com não me paga pra fazer merchandising deles nem nada, e pra dizer a verdade nem gosto da 3 Com. Mas é bem mais fácil falar e escrever Palm que handheld.
Importante 2: o Palm tem, claro, um monte de desvantagens, como o preço, a fragilidade, a assistência técnica só em SP, a necessidade de ter backup dos dados sempre, etc.
Mas mesmo assim, continuo achando o Palm tudo de bom.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Calçolas e panos de prato

Quando vim morar em Porto Alegre, já se vão mais de 6 anos, dividi apartamento por um bom tempo. Várias coisas me irritavam, principalmente ver a figura misturar as calcinhas e os panos de prato na hora de lavar. Eu chegava da faculdade depois das 23h e encontrava a máquina cheia de roupa lavada (eu ainda tinha que estender pra poder usar a máquina!) e, dentre calçolas, meias e sutiãs alheios, os panos da cozinha. Eka! Eka! Eka!
Hoje aproveitei pra lavar roupa, já que parece que esse sol não deve durar muito tempo no céu. Coloquei roupa de cama, pijama, calcinha, cueca e camisa na máquina tudo de uma vez. Mas na hora de estender, vi uns quantos panos de prato enrolados no meio daquilo tudo. Esqueci que ontem à noite eu joguei os panos na máquina pensando em lavar hj de manhã.
Lembrei do eka, eka, eka e lavei tudo de novo. Separado, óbvio.

Raios ultra-violentos

Por que será que toda falsa loira de cabelo ultraalisado e roupa justa que saracoteia de salto alto pelo shopping é invariavelmente excessivamente bronzeada?

domingo, 23 de setembro de 2007

Como é que tu bate no meu carro?

Eu tinha acabado de sair da garagem do shopping, chuva caindo de balde e, na segunda sinaleira fechada, parei atrás de um Clio. Eu mal tinha parado e o carro da frente começou a vir pra trás. Senti o tamanho da merda que ia acontecer e buzinei pro motorista se ligar que o carro tava 'solto', mas três segundos depois deu pra ouvir o bum. Liga pisca alerta, tira o cinto, olha pra chuva que não dava trégua, respira fundo e sai do carro pra ouvir desculpas e ver se nada tinha acontecido. Depois de eu já estar na chuva, saiu uma mulher do Clio que chegou perguntando toda cheia de razão: como é que tu bate no meu carro?
Sabe quando a vida não te preparou pra uma situação dessas? Sabe quando a boca abre, a cabeça pende um pouco pra direita, os olhos param no tempo, a respiração trava por um segundo e o cérebro só faz hã?! Sabe quando tu que normalmente tem resposta pras coisas sofre uma pane interna? Eu só respondi: mas foi a senhora que veio pra trás. A mulher negou, óbvio, e eu ainda tava com aquela cara de idiota quando vi que não tinha sido nada, ao menos no meu carro. Mas foi só fechar a porta que uma série de respostas começou a pipocar na minha cabeça:
- Como é que tu bate no meu carro?
a) É meu passatempo de final de semana, eu buzino pra avisar que vou bater.
b) Sua anta (nunca senhora) foi tu que deixou o carro correr pra trás.
c) Se tá em dúvida sobre qual deles é o freio, filha, aposta na coluna do meio.
d) Hellooww!!!
e) Se o pé tá cansadinho, usa o freio de mão.
f) Senhor, ela não quis dizer isso, ela não quis dizer isso...

Mas o que realmente mais me dói, é que eu ainda fui educada, chamei a mulher de senhora.