quinta-feira, 27 de novembro de 2008

tele-surdo

Reclamar de telemarketing é lugar comum. Acho que todo blog que se preste a falar sobre experiências já reclamou disso.
Também acho que trabalhar com telemarketing deve ser algo digno de um lugar no céu com passagem sem escalas para o paraíso. Não deve ser fácil passar o dia oferecendo coisas pra gente que nem sequer tem um fio de cabelo de desejo por aquilo que está sendo oferecido e ainda ouvir com freqüência atrocidades mil, muitas ditas com razão, principalmente quando nos acordam pela manhã.

Mas enfim, descobri o segredo do treinamento para um bom atendente de telemarketing. Nunca ouvir o que a gente tem pra dizer. Nossas falas são registradas como espaço de espera, intervalo de fala, tempo pra língua, parada pra molhar o bico.

Eu trabalho em casa. E não passa um dia sequer sem que alguém ligue oferecendo ou pedindo algo pra marido (a linha está no nome dele). Digo que ele só chega em casa depois das 21h, o que não é nenhuma mentira. Mas também escolho este horário porque sei que esses tele-enchedores-de-saco trabalham só até 20h. Quando respondo dessa forma, recebo um "então eu torno a ligar em outro horário". E eu pergunto se ele trabalha depois das 21h e ele me diz que não. Então por que vai ligar em outro horário sabendo que marido não estará?
E ainda ouço um "obrigado pela atenção, minha senhora, volto a ligar em outro horário". E lá vai o moço da língua cansada e ouvido que não funciona colocar ao lado do nome de marido 'não contatado'. E começa tudo outra vez no dia seguinte.

Agora a minha fala mudou: tu me dizes o que queres oferecer pra ele, deixa o teu telefone, eu passo o recado e se ele tiver interesse ele te liga. E eu continuo ouvindo: então eu torno a ligar em outro horário, minha senhora.

Não dá pra distribuir uns cotonetes pra esse povo, não?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mulheres e camionetes III - the end

Uma grande amiga está dirigindo um camionetão novinho e brilhante. Ela não ganhou vale-escova na concessionária. Ela não pagou dois IPVA. Ela não ocupa duas pistas pra dirigir. Ela não precisa de duas vagas pra estacionar.


E eu não posso mais brincar de fazer perguntas.
Angela, vende a camionete, plis?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mulheres e camionetes II

Toda mulher que dirige camionetão novinho e brilhante paga dois IPVA e se acha no direito de ocupar mais espaço na rua?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mulheres e camionetes I

Toda mulher que dirige camionetão novinho e brilhante ganha vale-escova semanal da concessionária?

Livrai-nos de toda a celulite. Amém.

Fazendo jus ao título de blog mulherzinha.

Comprei este produtinho aqui. Foi muito bem recomendado pra inglória luta contra a celulite.
Na farmácia peguei o bichinho na mão e li por alto na embalagem: anti volumes rebeldes. Moça, esse aqui é pra cabelo, quero aquele de esfregar nas coxas.
Os caras cobram bem por um produto e não são capazes de pagar alguém decente pra traduzir o material de venda? Esse troço por aqui se chama GORDURA LOCALIZADA. Volume rebelde é coisa de cabelo ruim.

Aí tu tá em casa tri feliz aprendendo a usar o teu produtinho novo. Além de duas esfregações diárias (pós-banho porque os poros têm que estar abertos) tu ainda precisa fazer a tal aplicação recomendada por especialistas, leia-se massagem. É então que tu perde 10 minutos de manhã, 10 minutos de noite pra espalhar o produto e fazer a tal massagem, em duas etapas de execução: modalidade sentada e modalidade deitada. São 5 esfregações pro lado direito, 5 esfregações pro lado esquerdo, com posição ideal das mãos e tudo, isso pra cada uma das coxas. E são 3 movimentos diferentes que devem ser repetidos 5 vezes no par de coxinhas. A rica barriguinha também tem ritual espalhatório com etapas e número mínimo de repetições. E nem dá pra fazer no banheiro porque a segunda etapa toda deve ser feita no modo deitada. Algo assim super prático pra quem continua indo dormir às 3h da manhã.

Uia!

Alguém já teve câimbra nos dedos do pé esquerdo no meio do congestionamento?

Recomendo a todos os motoristas FDP que já me fecharam um dia.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Então é natal

A saga dos cartões de natal voltou.
Pelo visto eu não me comportei nada bem durante o ano e ganhei alguns quantos pra criar.

Por que não colocam no currículo do curso de publicidade a disciplina Cartões e datas comemorativas sem sofrimento?

Ou então quando tu tá lá optando pelo curso de propaganda não tem uma observação em letras garrafais: tens certeza que queres passar o resto da vida profissional criando cartões de natal e adjacências?

Ou ainda: podíamos lançar a campanha Natal só no ano bissexto.

Ou o Bin Laden podia matar o Papai Noel ao vivo e em rede mundial.

O Obama podia proibir o envio de cartões pra atenuar a crise econômica.

Ou alguém na novela das 8 podia vir com o papinho que mandar cartão de natal é algo super out.


Isso tudo é pra dizer que a gente até se esforça pra criar algo diferente, mas a porra do trabalho sempre volta pedindo algo mais tradicional.
Ok, voltemos ao Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Amém.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Propagandeando

Curto, certeiro e direto:

Entrem nesse blog e vejam as maravilhas em adesivo de parede que uma grande amiga está produzindo.
http://dekalquewalltattoo.blogspot.com/

Adorei esse ventilador!
UPDATE: agora tem adesivo de gatinho! Espiem só.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Podre

Se é domingo e estou em casa, pratico uma das várias atividades quase inconfessáveis que fazem parte da minha vida: assisto o Fantástico.

Mas nem meu lado mais trash aguentou a entrevista com a mãe da menina de 9 anos encontrada morta numa mala em Curitiba.

Só o fato de terem colocado no ar é necrofílico, abjeto, terrível.

Preferi trocar de canal correndo, e ver no Discovery um decumentário sobre cientistas tentando estancar o processo de putrfação de uma lula gigante (sério!).

Achei muito menos nojento ver uma imensa massa gelatinosa pútrida e disforme sendo manipulada por cientistas que tampavam o nariz, do que assistir a entevista que passava na Globo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Novos capítulos e novela

Tentativa de retorno: 1, 2, 3 testando.

Marido e eu tiramos dois dias em meio ao caos de trabalho instalado. Sair sempre traz de brinde o descanso, mas também implica em apressar o que deve ser finalizado na pré-saída e correr com o que ficou logo que se retorna.

Desinstalar modo reclamão: 1, 2, 3 testando.

Marido e eu tiramos dois dias pra viajar e descansar. Lá pelas tantas, resolvi comprar um chapéu pra proteger parte dessa brancura toda que vos escreve.

Modo parênteses acionado: 1, 2, 3 testando.

Logo que vim morar em Porto Alegre, na primeira agência de propaganda em que eu trabalhava, o estagiário-faz-tudo da criação era um guri negro boa pinta galanteador de no máximo 17. Na primeira vez em que fui trabalhar de saia, antes mesmo de me dar bom dia, ele me olhou espantado e disse: "venuss, como tu é branca!". E eu respondi: "Fulano, como tu é preto!" Pronto, morria ali todo o complexo de brancura que aqui residia, porque tem coisas que não se resolvem com talco ou com autobronzeador sabor fique laranja manchada.

Modo parênteses desinstalado: 1, 2, 3 prosseguir.

Pois então que achei um chapéu que era uma graça. Meio carinho, mas uma graça. Resolvi não comprar na hora e ver se encontrava algo próximo em outra loja, até pra comparar preços. Duas ou 3 lojas depois encontro o mesmo modelo, marca, mas em várias outras cores. Pergunto pelo $$ e a senhora me diz: 'ah, esses são os chapéus da novela. É da estilista da rede globo e SÓ nós vendemos por aqui'. E ela ainda quis me atochar um modelo verde porque 'é a última moda do verão e todo mundo vai usar'.

Quem conhece um pouco da minha vida sabe que a minha pesquisa do mestrado foi sobre moda em revista. Também sabe que eu me interesso pelo assunto. Por conseqüência, deve ter alguma noção do quanto me irrita ouvir um 'isso tá super na moda' como estratégia de venda. Páro por aqui porque o 'modo reclamão' já foi desinstalado e a laranja pode azedar em segundos se eu continuar nesse ritmo.

Mas fica uma dúvida: alguém pode por favor me dizer em que raio de novela tão usando uns chapéus de tecido de abas médias, coloridinhos e qual a atriz que vão dizer que eu estou copiando se eu sucumbir e comprar um desses porque protege do sol horrores e que combinou demais com a branquela aqui?

Modo agradecimento instalado. 1, 2, 3. Câmbio desligo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Perdidos os pensamentos

Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra onde os pensamentos fogem numa velocidade diretamente proporcional a sua genialidade. Insights fulgurantes, idéias maravilhosas, sacadas sensacionais, estão todos lá, na terra dos pensamentos perdidos, mais escondidas que fadas, elfos, gizmos e os Smurfs. Eles ficam ali, quietos, sádicos, deixando-no de brinde a consciência da sua ausência. Pra voltar só no preciso momento em que não precisamos mais deles. No justo instante em que perderam qualquer potencial de gerar reconhecimento, dinheiro, extrema satisfação ou tudo isso junto.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Últimos capítulos

A Eva colocou desculpas futuras, eu me arrisco nas desculpas passadas.

Nesse tempo todo fora do Calçolas eu:
- trabalhei até as 3h da manhã
- fiquei 3 semanas sem ir à academia
- trabalhei até as 3h da manhã
- ganhei mais um cabelo branco (assunto que já passou da categoria novidade pra desespero controlado)
- trabalhei até as 3h da manhã
- desejei comer muitos doces e caí em tentação só uma vez
- trabalhei até as 3h da manhã
- não emagreci mais nenhum quilo (mas tb não ganhei 1g)
- trabalhei até as 3h da manhã
- fiquei sem faxineira
- trabalhei até as 3h da manhã
- tive uma crise de enxaqueca que durou 4 dias
- trabalhei até as 3h da manhã
- disse não a vários novos trabalhos
- trabalhei até as 3h da manhã
- estou há mais de 45 dias sem visitar a minha família
- trabalhei até as 3h da manhã
- vi o Natal chegar em pleno outubro (na metade do mês uma loja aqui perto já estava tão dourada que chegava a ofuscar)
- trabalhei até as 3h da manhã
- não fiquei rica porque trabalhar demais não enriquece ninguém, ou melhor, só não enriquece o camelo que trabalha
- trabalhei até as 3h da manhã
- continuei jogando na mega sena e não deu em nada
- trabalhei até as 3h da manhã
- quase não visitei mais os blogs amigos
- trabalhei até as 3h da manhã
- deixei de viajar com marido
- trabalhei até as 3h da manhã
- surgiram umas perebinhas nas pernas e demorei 15 dias pra arrumar tempo pra ir na dermato e descobrir que elas são petéqueas e ainda não sei o porquê da invasão das manchinhas
- trabalhei até as 3h da manhã
- tive uma pereba no rosto que ganhou o diagnóstico 'stress'
- trabalhei até as 3h da manhã
- deixei duas requisições de exames vencerem
- trabalhei até as 3h da manhã
- adiei a dentista duas vezes
- trabalhei até as 3h da manhã
- deixei de fazer uma série de coisas legais, e uma delas era bater meu ponto por aqui
- trabalhei até as 3h da manhã
- deixei de ser uma pessoa legal pra virar este monstro que vos reclama

Com tudo isso, eu tô uma chata, uma tia velha que só sabe reclamar. Daquelas que repetem o discurso reclamão a ponto do ouvido alheio traduzir tudo como o blá-blá-blá da propaganda do whiskas sachê.
Portanto, vou poupá-los da minha rabugentice precoce e temporária (assim espero) e só voltar a dar as letras aqui quando tiver algo bom pra dizer.
Ou menos chato, que já tá valendo.