quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Pós-parto

Primeiro os planos, muitos.
Depois, uma gestação de dois anos.
Dores, descobertas, desespero, alegria, novos amigos, saudades.
Foi uma loucura.
Ontem nasceu o filhote.
309 páginas. A banca vai em odiar.
Depositei a dissertação de mestrado. Nem acredito. Vou escrever de novo pra me convencer: depositei a dissertação de mestrado.

Dá um certo vazio.
Como vou fazer sem poder me esconder nas minhas trincheiras de papel?
As águas uruguaias vão ajudar a refrescar minha memória e me mostrar como é mesmo a vida lá fora. Parto hoje, volto em 10 dias.
Mas antes, os obrigados, que vou resumir em três. Obrigada, venuss, pela grande parceria (e pela revisão inteligente/urgente). Obrigada, Nísia: nunca ninguém combinou tão bem rigor e carinho. E sobretudo: obrigada Josué, por ter segurado todas esse tempo todo, por ter sido tão cúmplice, por tudo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Aviso aos navegantes

A Eva tá quase de volta do limbo chamado final de dissertação.
Um lugar compreensível só por quem está ou já esteve nele.
Se bem que, depois de algum tempo, a gente esquece da intensidade das sensações e da força do cansaço. A minha professora de biologia lá na 7ª série dizia que a gente só lembra da intensidade das dores do parto quando vai ter o próximo filho.
Acho que ela tinha razão.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Verão


Quando é mesmo que comprar biquíni vai se tornar uma coisa legal pra caralho?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Três anos

Hoje faz 3 anos que a gente mora junto (o que pra mim é o mesmo que estar casada). São mais de 7 anos vivendo aquela coisa de namorados: mãozinha, beijinhos, carinhos. A gente só perde feio pra adolescente em parada de ônibus (alguém já percebeu o que é o grude de um casal de adolescentes esperando o ônibus?). Isso de casal in love continua tão presente que eu vivo brincando que a gente se conheceu na sexta passada, no Bonami. O Bonami é um bar-boate boca braba que fica na Salgado Filho, no centro de Porto Alegre. Comecei essa história da 'sexta no Bonami' quando há anos vi uma notícia no jornal de um tiroteio no bar. E ali falava algo como se brigas, armas e facas fossem algo freqüente no local. Depois fiquei sabendo que bêbados e pistoleiras eram os principais personagens deste clássico estabelecimento. Daí, pro Bonami virar piada interna quando alguém fica olhando muito pra gente foi um pulo. Ou eu pergunto bem alto pro marido se eu tô cagada pra ver se a pessoa se toca (mas este era pra ser um post romântico e o cagada não deveria constar, mas agora foi).

Bom, pra marcar estes três anos, resolvi abrir uma exceção e contar coisas boas do marido. Porque vocês sabem que não se faz propaganda de homem assim à toa, vai que alguém se interessa. Mas ontem lembrei de uma coisa super delicada e carinhosa que ele fez enquanto eu estava com a tal intoxicação alimentar, além de preparar sopinha, comprar remédio e ficar ligando pra ver se eu estava bem. E achei que seria perfeito postar a lembrança aqui hoje.

A gente costuma comprar água mineral em galões de 5l da Fonte Ijuí. Mas acontece que a marca mudou suas embalagens e os antigos galões azuizinhos com a prática alça foram substituídos por galões transparentes e gordos, sem alça e bem ruinzinhos de servir o líquido. Antes de trabalhar, marido pegou um galão cheio desses novos e colocou um litro d'água dentro do galão antigo e deixou em cima da pia. Assim, como eu estava bem fraquinha, não teria que fazer muita força pra servir um copo d'água. E ele só foi me contar deste cuidado uns dias depois, quando perguntei porque o galão guardado não estava cheio.

Agora deu. Quando a gente completar 30 anos de casados, eu conto outras coisinhas bonitas que ele faz pra mim.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Copo de requeijão

Pedido aos fabricantes de requeijão que pararam de produzir o clássico copo de vidro:
O que eu faço com as minhas receitas que levam medidas de copo de requeijão quando o último copo desses que tenho em casa quebrar?

Friozinho surpresa

Huuuummmmm... coisa boa poder dormir de edredonzinho de novo. O calorão deu um tempo e bateu aquela preguiça. Até vinho a gente abriu ontem. É uma boa surpresa noites mais fresquinhas em janeiro.
Assunto nada a ver com frio mas que congelou o meu cérebro por uns 5 segundos ontem. Alguém já viu o Studio Pampa? Ontem, lá pelas 23h, tava trocando de canal e me deparei com aquilo. Quatro mulheres e um cara (?!) num cenário que me lembrou o show de calouros lá pela metade dos 80 (ou parecido com o que meu imaginário infantil registrou deste programa na época).
Duas delas vestidas iguais (um vestido horrível), achei que fossem as bailarinas do programa, mas não, elas fazem perguntas de braços cruzados e sem microfone pro convidado. E a sensação que eu tenho é que conheço uma delas. A câmera caminha solta pelo cenário, talvez pra mostrar um pouco de descontração (realmente não sei qual a proposta do programa), mas a única coisa que conseguem é mostrar o constrangimento dos apresentadores sob novos ângulos. Ontem, conversavam com a Rita Cadilac. A mulher tava virada num monstro cadavérico, nem uma basezinha no rosto pra esconder as olheiras e as manchas do tempo. Cabelo despenteado e sem nenhum trato. Ela deve ter chegado no estúdio achando que algum maquiador daria conta de rebocá-la, mas, pelo visto, não deve ter ninguém responsável por isso e nem deve ter sobrado maquiagem nas embalagens. As 4 meninas que apresentam o programa trataram de esfregar quilos de brilho no rosto.
As perguntas, então, foram algo de chorar no cantinho. Nem vou comentar. E eu conheço aquela menina do vestido feio. Acho que foi minha colega na faculdade.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Meu primeiro meme

Foi a Urubua quem me passou.

1. Quem já fez a sua cabeça?
A Rosmari.

2. Quem corta os seus cabelos?
A Rosmari. A mesma. Desde os meus 7 anos a minha cabeça tem dona. Foi ela quem deixou o meu cabelo rosa, com mechas de 4 cores e que agora briga comigo quando quero cortar mais do que 2 dedos. Ah, e se eu inventar de cortar com outra pessoa, ela arranca minha cabeça à tapa.

3. Quem te enche os olhos?
O Fresh Tears.

4. Quem enche o seu saco?
Gente sem noção. Gente sem limites. Que no fundo acaba sendo a mesma coisa.

5. Quem não sai da sua cabeça?
A Pneu, a gata que mordeu o meu marido.

Agora passo pra Ale e pro Enio que sempre estão por aqui.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Dinheiro II

No dia seguinte à pedinte hospitalar, como bem resumiu a Maroto, saí de casa e vi uma velhinha daquelas bem encolhidinha caminhando com suas várias sacolas de supermercado. Passinho por passinho, ela seguia seu rumo. Enquanto eu voava até a esquina pra pegar a lotação pro centro. Logo adiante, na calçada, duas notas de 2 reais que pareciam ter caído de um bolso. Não vi ningúem por ali pra avisar da perda. E achei que a velhinha ficaria muito mais feliz que eu ao encontrar o dinheiro. Cheguei na esquina e fiquei cuidando se a vovó achava as notas. Ela vinha no seu ritmo 'um dia eu chego lá não sei onde'. Quando achei que a vovó já tinha passado do ponto sem ver o dinheiro, a velha fez um movimento super-ultra rápido e, em menos de 2 segundos, ela se abaixou, pegou as notas e escondeu no bolso. Não tirou um fio de cabelo do lugar. E seguiu em seus passinhos tartaruga por vezes ninja.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Pedgrinho

O pior de ficar de cama, com febre, piriri e vômito é ter que assistir umas quantas vezes ao tal comercial do Glade - o desodorizador de ar - em que o guri cagão chega em casa e diz pra mãe: "Quero fazer cocô". E a mamãe com a cara mais amável se oferece pra levar a cria bem crescida pro banheiro.
- Não, eu quero ir na casa do Pedgrinho.


Putz, um guri desses merecia uma diarréia daquelas pra parar de ser tão exigente.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Tochicada

Oi, eu sou a venuss. Eu comi um salgadinho ontem numa festa e o troço não desceu bem. Na real, nem desceu. Umas 3h depois ele já tava voltando ao mundo. Por cima.
Tô com tochicação alimentar. E não foi por morder o marido (ainda tenho que escrever essa história).
Estou fazendo rodízio entre a cama, o sofá e o micro. Na cama eu durmo, no sofá também, mas com a tv ligada. Até a Ana Maria Brega eu assisti hoje de manhã. E olha que não fui só eu.
Tô tentando assistir à programação sem legendas, porque se for pra ler, então que eu venha trabalhar aqui no micro. Mas tá difícil, as duas coisas: achar programação mais ou menos sem ter que pensar muito (usar a cabeça dói); e ficar deitada pensando em todos os trabalhos que eu tenho pra acabar. O tal do concurso pra próxima Pussycat Dolls na Warner me ocupou por 1hora. Mas fiquei enjoada e tive que sair da sala.

Nota de pré-falecimento

Todo mundo que já passou por isto jura que mestrado não mata. Mas desconfianças crescentes a respeito da veracidade da afirmação se avolumam no meu tresnoitado ser. Então, por via das dúvidas, deixo aqui algumas instruções simples pro caso do meu passamento.
a) Podem doar tudo que for doável no meu corpo - córneas, coração, fígado. O cérebro não dá, porque não vai ter sobrado nada;
b) o que ficar depois do esquartejamento pras doações ( o cérebro e mais uns pedaços, tipo unhas - minhas unhas ninguém nunca vai querer), cremem;
c) quero que coloquem parte das minhas cinzas num tumulinho que não requeira qualquer manutenção. Pior que estar morto é repousar num lugarzinho feio, desbeiçado e visivelmente ignorado por todos;
d) a outra parte das cinzas vocês por favor joguem no mar, na reserva do Arvoredo, em Bombinhas, ao som de My island home, da Warumpi Band:

Six years I’ve been in the desert
And every night
I dream of the sea
They say home is where you find it
Will this place ever satisfy me

For I come from the salt water people
We always live by the sea
Know I’m down here livin’ in the city
With my man and the family

My island home
My island home
My island home is waiting for me
My island home
My island home
My island home is waiting for me

In the evening the dry wind blows
From the hills and across the plains
I close my eyes and I am standing
In a boat on the sea again
And I’m holding a long turtle spear
And I feel I’m close now to where it must be
My island home is waiting for me

For I come from the salt water people
We always live by the sea
Know I’m down here livin’ in the city
With my man and the family

My island home
My island home
My island home is waiting for me
My island home
My island home
My island home is waiting for me

sábado, 5 de janeiro de 2008

É festa na floresta

Eu achei que isso nem existia mais. Que tinha sido proibido ou que todos as empresas tinham falido por falta de público.
E qual não é a minha surpresa quando há 20 minutos aparece um desses carros de som com música e mensagem de aniversário do outro lado da rua, quase na frente da minha casa?

Tá, eu contratei um desses duas vezes na vida. As duas pra sacanear alguém em duas agência de propaganda em que eu trabalhava. Um era um cara legal que tava saindo e que a gente queria sacanear porque gostava muito dele. A outra era pra uma mulher que ninguém suportava muito e queria mais que ela pagasse um micão na calçada agarrada com o tio do microfone.
Mas eu realmente nunca tinha visto isso acontecer como homenagem. E séria. Tocou até Tribalistas na hora da mensagem de amor e felicidades do maridão pra aniversariante.

Dinheiro I

Fui levar o marido pra tomar uma anti-rábica no Hospital Sanatório Partenon, lá onde fica o Hemocentro. Antes que alguém me pergunte se fui eu quem tasquei uma mordida no marido, já aviso que o bicho foi outro. E isso é uma outra história que, se sobrar tempo, eu conto aqui. Mas aí que fomos encaminhados pro hospital esse, que vem a ser o primeiro hospital público do RS, e onde fazem as tais vacinas anti-rábicas. Enquanto o marido conversava com a atendente, eu fiquei sentada aguardando. Uma menina, o irmão mais novo e a mãe, bem humildes, estavam por ali. A mãe foi chamada por um médico e deixou as crias na ante-sala. A menina, devia ter uns 6 anos, sentou do meu lado e começou a puxar papo:
- Como é teu nome, tia?
- Quem é esse tio que tá contigo?
E eu fui respondendo as perguntas até que ela tasca a clássica "me dá um dinheiro, tia?". Eu não tenho o hábito de dar dinheiro na rua. Acho que isso só agrava o problema. Compro comida e volto pra dar, mas não abro a carteira pra dar dinheiro, principalmente pra criança. Compro alguma coisa quando a pessoa tá vendendo algo, a gente faz algumas doações pra entidades, mas não costumo ceder aos 'me dá um dinheiro' que a gente escuta todo o dia por aí. Mas este da menina me pegou meio desprevenida. Mesmo assim, disse que não tinha trocado na bolsa. Ela insistiu, falou que estava desde ontem à noite por aí e 'me dá um dinheiro pra comprar leite, tia?'. Fui dizendo que não e não. Mas aí ela me desarmou quando disse que eu era pra comprar alguma coisa pra ela comer. E é bem isso o que eu faço nestes casos. Eu não estava querendo sair dali, queria ficar com o marido porque eu tive grande participação na mordida, embora não tenha sido com os meus dentes - eu já disse. E eu não conheço aquela região da cidade, não sei onde encontraria algum lugar com comida ali por perto.
Bom, pra aplacar a culpa que eu sentia de ter uma menina me pedindo insistentemente dinheiro, embora tenha sido muito fácil identificar que o pedido era mais do que bem ensaiado, eu acabei cedendo e abri a carteira. Entreguei dois reais. Nisso, o irmãozinho que tinha a metade da idade dela e que estava pulando no meio da sala de espera, correu pra enfiar a mão no bolso onde a guria guardou a nota e quis pegar a grana. Aí os dois começaram a brigar e se empurrar por aqueles dois reais. E o guri gritava 'me dá o meu dinheiro!' Ela empurrou a cria menor pro chão. O pequeno levantou e foi morder a irmã porque queria aquela nota. E eu no meio daquele furdunço. As crianças caíam pra cima de mim enquanto se engalfinhavam pelos dois reais.
Levantei e fui pra perto do marido. Nisso chegou outra pessoa e a guriazinha começou a se aprochegar do novo visitante pra aplicar o golpe. E ela deve vir repetindo essa atitude há um bom tempo. Aprendeu com alguém. E vai ensinar pra outros tantos alguéns. O primeiro vai ser o irmãozinho que ainda não sabe pedir, mas que sabe morder e arranhar pra conseguir dois reais.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Também voltei

Aproveitando o post da Eva, eu também voltei. Voltei a dormir do lado certo da cama e ao Calçolas, que andava meio abandonado.

Voltei também a identificar o meu próprio pé. Pintei as unhas de vermelho, coisa nunca antes feita. Pintei de vermelho porque comprei uma sandália linda que é uma cobra coral que se enrola pelo pé. A moça da loja sentenciou: vais ter que pintar a unha de vermelho, fica lindo. Levei dois meses pra tomar coragem e tascar um vermelhão nas unhas do pé. Nos três primeiros dias, eu olhava pras patinhas e achava que tinha mais alguém ali comigo, principalmente no banho, porque aquele pé que residia no final das minhas pernas não parecia meu. Eu só lembrava dos pés de uma tia que sempre teve as unhas vermelhas. Mas agora eu já consigo ver as minhas patinhas e pensar que elas são minhas, muito minhas, mas que esse vermelho precisa sair correndo dali.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Fizemo que vortemo mais fumo

Voltei, depois de sete paradisíacos dias na Gamboa. Maravilhosos mesmo, dignos de uma Eva que se preze: confesso que nem a dissertação eu levei. (Obrigada, Maroto, pela sábia dica. Eu realmente não ia conseguir trabalhar na pesquisa, ali, naquela cabaninha com vista pra praia toda, entre filha, afilhada e maninha fazendo a maior e mais linda bagunça do mundo, perto do marido, amigos, sol, mar e camarão. Meu trabalho ficaria ali, me espreitando, me lembrando fisicamente da sua existência - como se na minha mente ele já não ocupasse um espação danado -, me deixando mais culpada do que eu já sou de nascença. Portanto, a dissertação e eu fizemos férias uma da outra, e foi ótimo).
Então: voltei.
E voltei principalmente pra encarar a bichinha de frente: agora, ou disserto duma vez, ou deserto do mestrado. Como entre o esboço de rafe de antepréprojeto pra ingresso e agora já se passaram mais de dois anos, melhor honrar o tempo investido. E fazer jus à minha bolsa do capes, à baita parceria do maridão que me bancou e bancou a casa toda durante esse tempo todo, à inexplicável fé que minha orientadora tem em mim, e a tantas outras coisas pelas quais sou profundamente grata.
Resumindo: vou andar meio ausente do Calçolas. Vou ficar devendo posts, comentários, respostas pra comentários, visitas a blogs amigos.
Putaquepariu, vou morrer de saudade.
Mas sempre que der eu passo aqui, eventualmente quem sabe até pra postar coisas - que, temo, não passarão de lamentos desesperados, frases sem nexo e piadas bobas (o que, na real, não difere muito do que eu sempre fiz).
Em fins de janeiro volto a operar normalmente.
Fui. Wish me luck.