terça-feira, 24 de junho de 2008

Noite 2

Pra completar o saldo dos primeiros dias sozinha em casa, botei pra fora todo o meu lado incendiária.
Depois do banho, esqueci a estufa do banheiro ligada.
3h30 da manhã uma vontade minúscula, mas minúscula mesmo, de fazer xixi me fez levantar no frio pra ir ao banheiro.
Quando abri a porta, aquela luz laranja queimando acendeu todas as sirenes de alerta dentro da minha cabeça.

Antes de dormir, um xixi fora do lugar estragou a noite. Depois do sono, uma vontade de xixi fora de hora praticamente salvou o apartamento (pra não dizer coisa pior).
Definitivamente, preciso fazer minha cabeça voltar às épocas em que eu morava sozinha.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Dia 1 - Parte 2

O saldo do dia 1 aumentou com algo inusitado:
- um xixi para limpar.

Explico: marido e eu dividimos os cuidados com a gata. O primeiro a enxergar xixi ou cocô felino na caixinha recolhe. Acontece que a dona Lisbela foi fazer o seu número dois e eu não recolhi logo. Fiquei aqui trabalhando pensando "daqui a pouco vou tomar um banho e recolho". Pois faz mais de 3 horas e eu ainda não fui tomar o tal banho. Como ela não pisa de jeito nenhum na sujeira que ela mesma produziu, quando veio a vontade do pipi, ela ficou com as patinhas no cantinho da caixinha e o rabo abanando pra fora. Ainda corri pra empurrar a peluda pra dentro, mas era tarde demais. Resultado: metade do xixi dentro, metade do xixi fora.

Amanhã prometo recolher a coisa logo.

Dia 1

Marido viajando a trabalho por um mês. Saldo do dia 1:
- dois pés gelados ainda de manhã na cama
- barulhos (muitos) fora do apartamento e dentro da minha cabeça
- despertador que não toca e eu perdendo a hora
- uma casa virada do avesso porque tenho um mês pra colocar as coisas no lugar (não, eu não nasci pra encarnar o papel de organizada)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Mais perto do céu

Faz pouco que descobri os doces de Pelotas. Uma amiga que é de lá trouxe encomendas e várias provinhas no ano passado. Eu, como uma legítima formiga, adorei. Ainda mais que sou uma formiga exigente, e só gosto de doce se tiver leite condensado ou doce de leite. Não me venha com quilos de ovos, quero leite condensado, eu exijo. E vários doces levam o puro e arranhador de garganta leite condensado em suas receitas. Pois desde que a franquia Pedaço do Céu, que vende os típicos doces sempre fresquinhos, invadiu Porto Alegre, tenho enfrentado crises de abstinência e, junto com marido, criado estratégias pra comer algum docinho ao menos nos finais de semana. Todo domingo é a mesma coisa, depois do almoço, ataco com aquele olhar de minha glicose tá baixa, corre pro Céu. E pra piorar o quadro, o Céu tá bem próximo daqui de casa, porque até o Iguatemi dá no máximo 3 km, poucos minutos de carro. E a gente já vai torcendo pra ter aquela vaga estratégica perto da porta, pra dar tempo de entrar, estacionar o carro, invadir o shopping, correr pro Céu, escolher as maravilhas - a parte mais demorada - pagar e sair do estacionamento em menos de 20 minutos, pra sair dentro do prazo de tolerância pra não pagar o estacionamento. Tudo bem calculado e tentando melhorar o nosso tempo em cada treino. Vale mais pela brincadeira e pelas calorias que se gasta pra ficar dentro do prazo. Quando chove a estratégia é outra, vamos pro Bourbon Ipiranga que é mais longe, mas dá pra deixar o carro quase na porta, em menos de 6 metros a gente já tá batendo nas portas do Céu. Isso porque o Iguatemi em domingo de chuva beira o inferno.

Pra quem gosta de doce, realmente o nome Pedaço do Céu não podia ser mais apropriado. Agora eu ainda tenho esperança de que quando chegar a minha vez ir pro céu lá em cima, as coisas sejam ainda melhores. Além de quilos de doces de Pelotas me esperando em fila, minha noção de paraíso tem a ver com um lugar sem calorias. Isso sim é o verdadeiro céu.

E eu não posso deixar de lembrar do dia em que descobri que a Eva já vive nele.

Aventura felina

No dia das mães levei duas gatinhas de 4 meses de presente pra mamis. São gatinhas que foram resgatadas da rua e estavam numa casa de passagem de um casal que cuida de cerca de 100 felinos e que eu costumo visitar e contribuir financeiramente (os gatinhos deles estão anunciados para adoção aqui).

Pois não é que ontem as duas farofeiras resolveram se aventurar por Salva City. Mesmo tendo 3 camas de gente, 2 camas de gato, 5 sofás com mantinhas, um fogão a lenha a todo vapor esquentando a cozinha e uma casa inteira pra se instalar, elas resolveram dormir no motor do carro. Super confortável e tranqüilo. Meu irmão saiu motorizado pela metade da tarde com as duas enfiadas ali. Detalhe, ninguém tinha certeza de nada, minha mãe depois de dar por falta das crias, supôs que esta fosse a explicação pro sumiço, pois gavetas, armários, baús e todas as caixas e buracos já haviam sido revistados. Aí ela me liga preocupada e eu a 100 Km longe passo a roer unhas e a rezar, pois era a única coisa que me ocorria. Além de pensar em todas as coisas ruins que poderiam ter acontecido. Mas o mais intrigante era o sumiço em dose dupla. Roubadas, pensei eu. Mas e quem iria roubar duas gatinhas que disputam com a NãoSei o troféu chumbreguice do ano? Ficava imaginando a cena de um carro em alta velocidade freando, uma mulher muito má descendo e roubando as gatinhas que, como todo vira-lata, são super dadinhas e se entregam a qualquer pspspspsspps.


Mamãe saiu pra catar as gatas por onde meu irmão andou e nada. E dormiu, ou ao menos deitou na cama, sem as suas duas companheirinhas. De manhã ela me ligou e nada. E eu já pensando em ir até lá pra passar de casa em casa procurando as ditas. Fiz um cartaz de procura-se pra ela espalhar pela cidade, com gratifica-se, vai que a mulher má gostasse mais de dinheiro do que de gato. Lá pelas 10h de hoje mamãe liga chorando de feliz e eu respondo chorando de feliz e aliviada: ela estava indo buscá-las. Tiveram a sorte de encontrar uma pessoa boa no meio do caminho. Elas estavam a menos de 2km de casa (tá a cidade tem só 3km, :-P). Mas o homem que as viu chorando nos corredores do prédio em que ele mora arrumou um cobertorzinho pra elas e tocou elas pros fundos, pra um lugar cercado em que elas tivessem menos chances de fugir.

Por sorte, a moça que faz a faxina na casa de mamãe é a mesma que limpa neste prédio e em pouco tempo as conexões foram feitas. Quando a minha mãe chegou lá, a arreada da Sinhá tava tomando banho de sol na boca do bueiro. A Lua, por sua vez, tava enfiada dentro do bueiro abrigo. As duas reconheceram a voz da minha mãe e o final feliz tá aqui no Calçolas.

As duas feras adolescentes antes de fugir de casa (ainda estou sem fotos boas delas e por pouco fico sem chance de fazer novas imagens das bichinhas aventureiras).

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Experiência política

Penso que a maioria das pessoas ao menos é simpática a alguma causa social. Alguns são mais engajados e botam a mão na massa, outros colaboram nem que seja com o tal apoio moral (tem o terceiro grupo que não faz nada e que eu vou fazer o mesmo e não vou comentar nada a respeito deste). Pois eu me preocupo e me ocupo com a causa animal. Quem me conhece sabe. Pra quem não me conhece, não vou ficar citando o que faço porque este post não trata disso.
Uma das questões que mais me preocupam ultimamente é a questão dos carroceiros em Porto Alegre. Me preocupa porque sinto que não posso fazer nada a esse respeito. Com algum gatinho ou cachorro abandonado, sei como agir, como ajudar e faço algo na medida do que me é possível. Em relação ao que vejo diariamente com a questão dos cavalos, a sensação é de total impotência, porque as denúncias que já fiz para a EPTC (órgão responsável pela fiscalização) não tiveram efeito nenhum. E bater boca com carroceiro como eu já fiz, é uma bobagem que além de tudo pode ser perigosa.

Pois ontem seria a votação para o projeto de lei que prevê a retirada gradativa das carroças em Porto Alegre no prazo máximo de 8 anos para que se possa realocar os carroceiros que vivem da coleta do lixo para trabalhar de outra forma ou até mudar de atividade (para saber mais sobre o projeto e a questão, aqui e aqui). Eu queria muito acompanhar presencialmente a sessão, mas confesso que fiquei com medo, pois iria sozinha. E o histórico de manifestações e atitudes dos carroceiros me deixou receosa.

Fiquei em casa acessando vários sites pra ver se algum estava cobrindo a votação. E nada. E como eu sofro de um mal muito sério que me impede de ficar sem fazer nada quando me importo com algo, resolvi escrever para os vereadores de Porto Alegre durante a sessão. Era a única coisa que me ocorria naquele momento. Escrevi para os 36 vereadores, nominalmente, um por um, uma mensagem dizendo que eu estava de olho no voto deles e que faria questão de divulgar a posição de cada um entre familiares que aqui votam e que se negam a votar em candidatos que foram contrários ao projeto de lei, assim como mais de 200 amigos que são da cidade. Este é o resumo do e-mail que mandei. Sem tom agressivo e no direito que me cabe como eleitora. Pois eu não fazia idéia das reações que o e-mail causaria, e por isso a razão deste post, pois quero dividir isso com vocês, na ordem em que os e-mails chegaram.

A vereadora Maria Luiz Moraes - PTB, respondeu que ficava satisfeita com o meu interesse e disse que mais pessoas deveriam acompanhar de perto as votações da câmara. Ainda sugeriu que eu acompanhasse não só esta votação em particular.

Pra minha total supresa, o vereador Guilherme Barbosa - PT, me respondeu com desdém e grosseria, dizendo que com ameças eu não conseguiria mudar um voto. Que isso era uma bobagem e que eu deveria procurar argumentos de melhor conteúdo, pois isso seria algo esperado de alguém com a minha formação.

No fervor da primeira leitura do e-mail, escrevi algo no mesmo tom de agressividade como resposta, mas não enviei. Hoje pela manhã, mais calma, mantive a compostura do primeiro e-mail e respondi ao senhor Guilherme Barbosa que mais tarde descobri posicionar-se contra o projeto de lei. Caso ele torne a me responder, coloco num novo post.

Dois vereadores, Pastor Almerindo - PTB e Neuza Canabarro - PDT deletaram o e-mail sem lê-lo.

Os vereadores Nereu D'Avila - PDT, Adeli Sell - PT e João Dib - PP responderam se posicionando a favor do projeto de lei que prevê a extinção gradativa das carroças.

O vereador Nilo Santos -PTB se restringiu a dizer que não entendeu o meu e-mail.

A vereadora Maristela Maffei - PCdoB respondeu dizendo que iria responder mais tarde porque um voto não é simplesmente um não ou um sim. E que se o voto dela não estaria de acordo com o meu perfil ideológico, a câmara era constituída de 36 vereadores.
Mais tarde descobri que ela é contra o projeto.

Do restante só recebi a mensagem automática de confirmação de recebimento.

Do vereador Ismael Heinen - DEM recebi resposta do assessor dizendo que o e-mail seria encaminhado a ele.

Do vereador Claudio Sebenelo - PSDB recebi resposta de um assessor que não dizia nada a respeito do conteúdo do e-mail, mas pedia meus contatos pra que ele pudesse falar diretamente comigo.

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Pessoas, disso tudo, eu só posso dizer que a experiência foi interessantíssima. Valeu por saber como os vereadores se comportam fora da campanha política, exercendo seu mandato. Valeu por saber como tratam os eleitores. Valeu por me deixar mais atenta a quem eu escolho pra me representar.

Recomendo a todos uma experiência dessas. Aqui vocês encontram os e-mails dos vereadores de Porto Alegre.

E pra quem quiser saber como foi a votação do projeto ontem, foi adiada por falta de quórum. E algo me diz que vão continuar adiando enquanto puderem, pois leis polêmicas não encontram muito espaço em ano de eleição.
Segue o vídeo do RBS Notícias sobre a votação, ou a falta dela.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dindinha

Olha, flanelinha já me chamou de tudo: tia (a clássica), dona, madame, senhora, senhorita, moça... Até de vaca quando eu não paguei pra estacionar na rua dele.

Mas quando o guri de uns 15 anos se aproximou hoje pra dizer 'tá bem cuidado aí, madrinha', eu me segurei pra não perguntar 'a mãe tá boa, né?'

domingo, 8 de junho de 2008

Eugo

Acabei de fazer dois posts sobre o ego dos publicitários. Antes que alguém reclame, aviso: eu sou publicitária.

Megaego

E se o publicitário suicida que se jogou do alto do próprio ego não morrer, sabe como ele faz pra se matar?
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Ele sobe no ego do chefe dele e se atira. É morte certa.

Alto ego

Sabe como um publicitário se suicida?
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Ele sobe no próprio ego e se joga lá de cima.

Regular é muito bom

Minha faxineira chega pra mim aos prantos, soluçando alto:
- Meu irmão tá no hospital, me disseram que tá em estado regular.
- Tá, mas isso não tem nada de mais.
- Tem, sim ele tá regular, aiaiai, o que vai ser agora da gente, meu Deus?
Fico tentando entender. Aí me dou conta de perguntar.
- Tu sabe o que quer dizer regular?
- Não, não sei o que é regular. O que é que é, hein?
Ah, bom, agora eu entendi. E depois da minha paciente, didática e simples explicação, minha faxineira entendeu e foi ligar pra parentada, bem feliz, pra contar que graças a deus o irmão tava regular.

Ainda desgovernos

Sobre a cobertura da Zero Hora pra lambança no Governo do Estado, tem uma frase perfeita, que infelizmente não é minha, e que vi no DA da Fabico / Ufrgs:
"Mijam em nós. E os jornais dizem: chove."

Desgovernos no estado

O Cirque de Soleil foi embora.
Mas a palhaçada fica.
O circo está pegando fogo.

Gostos midiáticos (quase) inconfessáveis

Eu adoro as videocassetadas do Faustão.
Programo as saídas de carro só pra ficar ouvindo o Cafezinho e o Pretinho Básico.
Às vezes adianto uma depilação pra ler a Caras sossegada.
Clico naquelas notícias escabrosas da página de abertura do Terra.
Volta e meia me pego assitindo o Canal 6.
E cantarolo Festa no Apê com uma freqüência preocupante.
Sou brega, mas me divirto.

Lógica pura

Fazendo a mochilinha pra filhota levar pra escolinha na segunda-feira, deparo com as sapatilhas de minha rebenta devidamente autografadas. Com canetinha rosa, claro. Mostro a obra à autora e segue-se o seguinte diálogo:
- Filha, o que é isso?
- Uma sapatilha, ué.
- Tá, e isso aqui, em cima da sapatilha.
- Ai, mãe, é o meu nome.
- Tá, filha, e porque tu escreveste o teu nome na sapatilha.
- Pra saberem que a sapatilha é minha, né.
- Mas filha, teu nome tá dentro da sapatilha, a mãe já colocou.
- Tá, mas não dá pra ver quando eu tô usando a sapatilha, manhê.
Resultado: filha 4 x 0 mãe.

Cartão no umbigo

Da série "Frases Fantásticas Que A Gente Diz Quando Tem Filho":
- Filha, não tenta enfiar o cartão de aniversário no umbigo, tá?

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Obracadabra

Ná pára de chover, a tinta não seca, a plantação de alfacinhas do Zé mais parece uma de arroz irrigado de tanta água que se acumula ali.
Queria eu poder fazer mágica pro sol voltar e tudo secar.
Nesse caso, minha palavra mágica seria obracadabra.
(Tá, desculpe o trocadilho, o pó da lixação do piso afetou o funcionamento das minhas sinapses).

Malinha

Volta e meia, nesses poucos anos como mami, eu sonhava em poder dormir um pouco mais, em não ser chamada aos gritos de madrugada, em não ter que esperar a cria dormir pra fazer uma série de coisas.
E agora que minha filhota saiu de casa com uma malinha vermelha levando o kit básico pra nanar longe de mim pela primeira vez, fico me perguntando: céus, o que vou fazer com toda a liberdade que a noite me promete?
Sugestões, dentro do limite do publicável, são bem-vindas.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Salsichão

Já falei das verduras, já falei dos legumes (os aipim são legumes, né? Aipim não é fruta, não é laticínio, não é ovo, não é carne, nem iogurte, nem artigo para festa - se bem que deve ter aí uns vídeos com usos pouco ortodoxos pro pobre aipim, mas enfim, normalmente não é um artigo pra festa -, não é higiene, muito menos limpeza, e também não é papel higiênico, porque esse é o papel do sabugo de milho. Conclusão: aipim só pode ser legume. Desculpe esse papo longo, mas minha mente anda obnubilada pelo pó da lixação da massa corrida. E se o aipim não for um legume, pelo menos você saberá que me esforçar pra buscar a classificação do aipim e que eu não tratei o apim com leviandade). Mas então, depois das verduras e dos legumes, é hora de chegar ao açougue, dando seguimento às narrativas sobre a convergência entre construção civil e questões alimentares.
Nossa quase casa nova tinha um anexo com churrasqueira que, além de feio pacas, era enorme e ocupava praticamente metade do pátio. Como queríamos muito um pouco mais de grama, um cão e quiçá desenvolver o lance das alfaces, proposto pelo Zé, derrubamos o tal puxadinhozão. E colocamos uma churrasquerinha dentro de casa, claro, porque somos uma família que não sobrevive sem um belo e malpassado churras.
Essa demolição marcou o advento do triunvirato do Maureci, do Zé e do Valdeci no nosso território. Eles chegaram e começaram a derrubar o tal anexo. Trabalharam vários dias, foram tirando telhado, depois paredes, mas deixaram a do fundo, a da churrasqueira. E seguiram trabalhando tirando piso - e a churrasqueira ali. E tiraram os fundamentos. E a churrasqueira ali. E tiraram o entulho - e a churrasqueira ali, linda, forte, um monumento à gauchidade bem no meio do nosso jardim. E assim se passaram os dias, e então um dia chegamos na obra bem no fim da tarde, e descobrimos porque a tal churrasqueira não saía dali. O pessoal estava assando salsichãozinho, coraçãozinho e uma beleza de vazio pra alegrar o fim da tarde da sexta-feira e comemorar o findi.
(Obrigada, maridão, pela idéia desse post)

Aipim

Depois do evento alfacinhas, não posso não contar o evento aipim.
Colocamos um forno a lenha na casa nova. Desses pra fazer pão, e com chapa de ferro.
Dois dias depois de instalada a coisa, chego na obra e vejo que o forno está chamuscado.
O Zé me conta, bem feliz, que no dia anterior eles aproveitaram o forno e fizeram uns aipim (sim, porque pedreiro não diz uns aipins. Aliás, o cara está coberto de razão. Aipim tem que ser sempre no singular. No plural fica meio fresco. Vai dizer que não? Uns aipinsssss... não combina, né?) Então: fizeram uns aipim. E nem guardaram um teco pra mim.

Alfacinhas

Chego na nossa obra (que um dia talvez venha a ser algo vagamente similar a uma casa habitável) e constato que, depois de 5 meses, definitivamente os pedreiros se apegaram ao lugar. O Zé, irmão do Maureci, plantou umas alfacinhas num canto do pátio. Estão lindas, verdinhas, viçosinhas, as minúsculas plantinhas. Comentei o evento hortifrutigranjeiro e o Zé me disse que ele e sua turma pretendem comer as alfacinhas lá pelas tantas. Ou seja, minha obra ainda vai durar no mínimo o tempo que uma minimicroalfacinha leva pra virar um pé de alface comestível capaz de encher a barriga de uma turma de pedreiros. Aiaiaiaiaiaiai. Alguém sabe me dizer, por favor, qual é a taxa de crescimento das alfaces?

O Segredo

Minha casa nova está em reforma desde janeiro. São 5 meses, que em termos de rugas, cabelo branco, cabeça ruim e humor pior ainda mais parecem 50 anos.
E essa fascinante imersão ao mundo da pedra lascada me ensinou coisas importantíssimas. Tipo:
1 - Uma obra sempre leva o dobro do tempo. Sempre. Always. Siempre. Immer. Mesmo que você de início já saia prevendo isso, ela vai te passar a perna e vai dobrar o que você, se achando muito previdente, havia multiplicado por 2 de saída.
2 - Uma obra sempre leva o dobro do teu dinheiro. Não adiante regatear, chorar as pitangas, cortar custos. Ela vai acabar com o teu dinheiro e com o que você pegou emprestado dos parentes.
3 - Uma obra é regida pelo Fator Jaque, e o Fator Jaque vai te pegar, dum jeito ou de outro. Mesmo que você mande dizer que saiu, ou que se esconda no fundo do armário. Algum dia você vai ser pego, e aí vai começar a raciocinar assim: já que estou pintando, vou também mudar aquele interruptor de lugar. Já que estou colocando uma torneira mais legal, vou mudar também a cuba da pia. E de já que em já que, vai se o tempo e o dinheiro.
4 - Uma obra tem semelhanças incríveis com um bebê. Precisa da tua atenção integral. Requer uma paciência de jó. Tem sempre o risco de algo terrível acontecer com ela. Ela te tira o sono. Ela invariavelmente te chama quando você está no meio do banho. Não dá pra querer estar limpo quando se tem uma. E também não dá pra escrever muito no computador.
Lá vou eu. Mãos à obra.