segunda-feira, 28 de abril de 2008

O macho alfa e o visitante

Escutei esses dias o fascinante relato de como se dão as interações no delizante mundo do skate.
Habitado quase exclusivamente por representantes do sexo masculino, é lugar de testosterona, portanto. E também suor (e, conseqüentemente, equipamentos úmidos e fedorentos, mas isso já é tema pra outro post).
Tanta rusticidade obviamente se reflete nas relações sociais do bando.
Quando um cara que não é local chega numa pista nova, por exemplo, ele fica meio que na sua, não se atravessa na frente de ninguém e tal. Anda quando dá, sem reivindicar a posse do terreno.
Depois de algum tempo, o novato identifica o macho alfa do território, ou seja, o local que anda mais, manda bem e, portanto, manda mais ali na pista.
Passado mais um tempo, o alienígena elogia a performance do suarento-mor do pedaço. Mas tem que ser um elogio macho, tipo alguma coisa com poucas sílabas, algo resmungado, sem sorriso acompanhando, e não muito babão. Só que tem que ser dito de modo que alguns dos presentes no local também escutem. Isso é fundamental. É a reafirmação do alfismo do macho-mor perante os betas, gamas, deltas, epselons e vai indo até o ômega.
O macho alfa grunhe algo ininteligível em resposta ao que está chegando, e continua andando de skate.
Já o novo entrante (putz, eu sei que entrante remete a associações nada machas, mas aqui quis fazer uma brincadeira com o lance do marketing, aquela análise de ambiente empresarial, Porter e sei lé eu quem e... ah, deixa pra lá). Então: o cara que está chegando na pista anda mais um pouco, sem invadir o território. Fica ali, andandinho, caprichando nas manobras. Quanto mais grind e volta e aéreo e ollie e carving e rock n'roll e tudo mais, melhor. E os locais vão percebendo que o visitante não é paneleiro (ou será que paneleiro é só pra surfista ruim que se diz?)
Aí vem um momento de tensão. Sempre vem. Um local - não o macho alfa, mas provavelmente o que queria muito sê-lo - se atravessa na pista, atrapalhando a performance do cara novo. Isso acontece uma, duas, mais vezes, porque o cara que está chegando é homem, e homem não costuma tomar providências imediatas. É preciso que a guerra seja explicitada. Sutileza nesse espaço não tem vez.
Então a tensão vai crescendo. E o visitante precisa se sair bem na situação, é um teste de fogo, ritual de passagem pra completar sua iniciação.
Finalmente, qundo a coisa fica meio muito, o cara novato toma providências. E ele consegue passar desse paredão fica-ou-sai, dá-ou-desce, anda-ou-desanda quando interpela o desafiante no tom certo, isto é, no estilo macho pacas. Grunhe algo que em portugês significa "sai daí, pô", isto é, alguma coisa com poucas sílabas, algo resmungado, sem sorriso acompanhando, dito de modo que alguns dos presentes no local também escutem. Ou seja, faz algo praticamente idêntico ao que fez pra elogiar o macho-alfa. (Eu já falei que ali não tem espaço pra sutileza, né?)
Mas então: o desafiante chega efetivamente pra lá, e a session (olha só quantra coisa do jargão skatístico eu já conheço) segue, com manobras e tombos, enquanto os participantes emitem gritos - ocasionais e contidos, claro - e ralam cotovelos, joelhos e pulsos.
Tendo já havido hematomas e sangue, tudo agora pode se encaminhar para o happy end.
Então, finalmente, acontece o grande momento do evento. O que todos esperavam. Aquele instante mágico, em que raios de sol passariam filtradinhos pelas nuvens, os anjos cantariam o Messias de Haendel, e pessoas ririam e se abraçariam felizes em câmarea lenta, se aquilo não fosse um encontro de rudes, ásperos, suarentos skatistas. Como o lance ali não tem nada a ver capa de livro das Edições Paulinas ou comercial de fim de ano das Lojas Pompéia, a linguagem é totalmente outra, claro.
Mas o grand finale, o happy end acontece de qualquer jeito.
É um final feliz masculino. Totalmente XY. Acontece assim: o macho alfa esfrega o nariz na camiseta, confere alguma coisa nos rolamentos do skate (também pode ser na lixa) e daí grunhe um elogio pro cara novo.
Pronto, o cara de fora agora é da turma, pode continuar andando e mais: ele pode até voltar um outro dia pra brincar com os guris.

Tchau, Charlotte

A vida com filhos tem dessas coisas: de repente, duas famílias inteiras assistem juntas, e com o maior interesse, o que é mais grave, coisas como "A menina e o porquinho". Foi o que aconteceu neste final de semana.
Estávamos todos acompanhando os périplos do rosado leitãozinho. E aí - tragédia - morre Charlotte, a dona aranha que subia pela parede e era a melhor amiga do suíno Wilbour. Não resistiu à maternidade, coitada, e começou a falecer depois da postura do ovo.
Minha afilhada de 6 anos, canceriana até o último fio de cabelo, chorava copiosa e ruidosamente. Enquanto isso, a irmãzinha dela e a minha filha, ambas com 4, assistiam a cena, curiosas, e volta e meia cutucavam o luto da maiorzinha perguntando: "mas por que a Charlotte morreu?" Ao que a Fernanda respondia com um "buáááááá" reforçado, claro.
Os adultos tentavam consolar a Fê. E aí me veio a brilhante idéia de comentar que a própria Charlotte não estava nem um pouquinho preocupada, que ela não estava triste com a própria morte. Ao que a Fernanda respondeu: "mas eu tô!".
Não pude fazer mais nada a não ser chorar junto com ela.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Experiências de consultório

Bom, só pra mandar notícias, a virose emendou numa crise de rinite alérgica. Acho que tenho rinite desde que eu me conheço por gente. Sou daquelas que ganham qualquer campeonato de espirros por minuto. E eles não são nada discretos. Toda manhã, esteja em crise ou não, eu espirro muito, principalmente antes das 10h da matina. Até o vizinho do prédio do lado, que não é tão perto assim, de dentro do seu apartamento já gritou saúde pra mim essa semana. Vizinhança muito educada essa.
Pois faz três anos que me trato com homeopatia pra rinite e tem dado bons resultados. Ao menos quando lembro de ir ao médico. Consegui ficar mais de 1 ano sem crise nenhuma quando levei o tratamento a sério, mas tenho que lembrar de voltar ao menos 1 vez a cada 365 dias. Pra variar, o meu prazo de volta à homeopata tá vencido, mas é por uma boa causa.
Comecei me tratando com uma médica ótima. Mas até por ser tão boa ela acabou se descredenciando do convênio e só atende particular. Aí, no ano passado, resolvi que iria procurar outra homeopata nas opções que o convênio me dava. Como eu já sabia o que eu tomava, levei o histórico das poções mágicas que a outra me deu, o que aparentemente me dava garantias de que o troço ia continuar funcionando, ao menos na minha visão que naquele momento era a de alguém que não tava a fim de gastar muito.
Cheguei na médica e dei de cara com uma mulher com milhares de colares e um piercing no nariz. Nada contra piercings, até porque tenho um no naso e já tive um na sobrancelha. Mas o brinquinho dela era uma libélula de tamanho considerável e que deixava o rabo pendurado para além dos limites do nariz. Era quase um filhote em tamanho natural e eu não conseguia tirar os olhos daquilo. Ok, médica alternativa, muito bem.
Ela começou a fazer aquelas perguntinhas básicas sobre a minha personalidade que as homeopatas sempre fazem. Depois de ouvir um pequeno relato sobre os sentimentos e a forma de experienciar o mundo de venuss, ela me perguntou se eu já tinha feito alguma coisa a esse respeito (?). E eu disse que fazia análise há alguns anos e ela: "e tu ainda é, assim?" Enquanto eu me ocupava em juntar o meu queixo, ela começou uma série de comentários super espirituosos. "Mas a tua analista ainda não te disse que tu não pode ser assim, que tu tem que mudar, ser diferente? Tu sabe que esses terapeutas não dizem isso pros pacientes porque aí eles se curam e eles deixam de ganhar dinheiro. Mas eu tô te dizendo que tu tem que mudar. Tu não pode ser assim como tu és porque..." Bom, além da mulher ser extremamente antiética, ainda ficou me dando xixi. E eu estava super sensível naquele dia, quando cheguei na garagem pra sair de casa, o gato da vizinha do andar de cima tinha caído perto do meu carro e eu nunca vou esquecer dos olhinhos de dor que ele me olhava. (Parênteses: a dona praticamente chegou junto comigo na garagem e chamou o veterinário. Ele se recuperou, está muito bem e seguidamente me espia enquanto eu trabalho. Fim do parênteses).
Esperei a tia terminar a sua longa fala sobre ser ou não ser como ela achava que eu deveria ser e disse: se as coisas fossem tão fáceis como a senhora está dizendo, a senhora podia sair por aí dizendo pra todos os neuróticos que eles não podem ser como são e todos estariam curados. Aleluia! (O aleluia eu não disse, é só pra ficar bonitinho no blog, mas eu concluí dizendo que ela tava perdendo tempo sentada naquela cadeira enquanto ela deveria estar curando pessoas simplesmente determinando como eles podem ou não pensar e agir).

Eu juro que eu queria terminar aqui este post dizendo que eu levantei a bunda da cadeira e deixei a mulher sozinha me olhando, mas não. O nariz é fraco. O inverno estava prestes a começar e eu precisava da minha dose anual anti espirros.

E óbvio que ela viu que eu não gostei nadinha do que ela disse, tentou remendar alguma coisa, mas eu não lembro de nada que ela falou, tudo que saía da boca dela tomava a forma de um blá-blá-blá em câmera lenta e o que eu queria mesmo era a minha dosezinha de licopodium (acho que era esse o nome da poção mágica).
Ela me deu a receita, pediu pra que que voltasse em três meses. Um ano se passou e ontem eu marquei homeopata de novo. E não é com a tia da libélula.



Essa é a imagem mais próxima do piercing que eu achei na internet.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Centro de previsões viróticas

Se tiver uma virose pela cidade, eu pego. Pode apostar. Parece que o virosinho já vem com GPS e o destino dele é encontrar a venuss. Semana passada foi mais uma. Deitada na cama, curtindo a minha febre, pensei em montar um centro de informações de viroses, um tele-virose ou algo do gênero. Afinal, posso fazer render essa queda que o meu corpinho tem por abrigar um vírus.
Funcionaria mais ou menos assim: venuss, o que tá rolando na cidade? Ah, essa é 3 por 1. Três dias de febre e uma puta dor de cabeça por uma semana.
Esse foi o último bichinho que me atacou. Bem safado ele, não trouxe dor de garganta, congestionamento nasal, tosse, dor de barriga, nem nada. Só uma febre forte e dores, muitas dores no corpo.
A secretaria da saúde poderia me usar como parâmetro pra saber qual a bola da vez. Se me pagarem os remédios que eu tenho que comprar já tô no lucro. Na quarta passada fiquei exatas 4h22min dentro da emergência de um hospital pra sair de lá com um diagnóstico de virose e uma receita com 5 remédios diferentes pra tomar. Comprei só um. Odeio remédio.
Encarei o hospital porque achei que eu poderia ser o primeiro caso de dengue de Porto Alegre. Febre alta sem gripe tinha cheiro de dengue. E lá fui eu pra mais um diagnóstico de virose. Já é a segunda pro ano, e isso que a gente ainda tá em abril. Esse ano promete.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Borda plana, caixa 4x2 e contrapiso

Nada como uma casa em reforma pra gente aprender coisas fantásticas.
Cultura de base: o que é um contrapiso?
Geografia: qual o melhor local para colocar a torneira da cozinha? (sem respostinhas engraçadinhas, please)
Mundo animal: como pode alguém ter um gosto tão singular (singular é de uma benevolência absurda) para detalhes de acabamento da moradia quanto a antiga dona da casa?
Interfaces e fronteiras: qual é a relevância da borda plana no porcelanato?
Comunicação: com quantas tampas cegas 4x2 se tapa os pontos de distribuição de sinal de telefone numa casa?
Estética: por que um azulejinho metido a besta precisa se chamar de tozzetto (como é metido a besta, deve ter 2 Zs e 2 Ts)?
Economia: por que a gente sempre gosta do que é mais caro?
Diplomacia: como proceder ao chegar no local da reforma e constatar que os pedreiros resolveram fazer um churrasquinho na lareira?
Por trás do monte de areia, para além da caliça, há um mundo fantástico de conhecimento aguardando por nós.
E eu pensei que no mestrado eu tinha atingido o limite da minha capacidade de absorção de coisas novas.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sereia também morre pela boca

Eu assisti ao Miss Brasil. Todinho. (Sim, podem perguntar se eu não tinha nada melhor pra fazer. ) Faz anos que não faço isso. Desde os tempos em que o Silvio Santos era o apresentador lá na década de 80. Pois quando chegou a hora em que as 10 finalistas respondiam às perguntas dos jurados, uma delas se deparou com a seguinte questão: "qual seria o maior sacrifício, considerando-se que ela fosse eleita a miss Brasil". E a garota, depois de dois segundos de silêncio, respondeu: "a boca".
Achei que ela fosse emendar argumentando alguma coisa com relação a comunicar-se bem, fazer chegar sua mensagem aos mais variados públicos , falar a língua do Brasil...
Mas não, ela completou: "vou ter que fechar a boca e isso será um grande sacrifício pra mim".

Onde foi mesmo que ficaram as misses que lêem o Pequeno Príncipe e que tanto queriam a paz mundial?

domingo, 13 de abril de 2008

Chumbreguice pouca é bobagem


Bichinhos s.r.d. tem de tudo que é tipo.
Tem os mais próximos do pedigree, aqueles que são quase de raça - tipo aqueles pseudocockers meio estranhos que as pessoas compram pensando que estão levando um autêntico, certamente descendente do cachorro da Virgínia Woolf ou coisa assim. Tem os não tão perto dos bons antecedentes, mas ainda assim não completamente desencaminhados. Tem os da turma nem-lá-nem-cá. Tem os que não apresentam traços de ascendência identificável. Tem os superviralatas. Depois tem a chinelagem. E mais depois ainda tem a nossa gatinha mais nova.
A gata da minha filha é muito, muito, mas muito vira-latas.
Tem a viralatice entranhada em cada mitocôndria da sua felina alma.
Começa que ela é tricolor. Gato tricolor é chinelo, vai dizer que não?
Depois, ela é que nem a Geni. Vai com qualquer um. Se vende por qualquer cosquinha ínfima atrás da orelha. Se aninha no colo sabe-se lá de quem ao ouvir o menor pspsps. E deixa nossa filha cometer as maiores atrocidades com ela, e ainda ronrona.
O rabo da criatura veio quebrado, coisa de nascença. Porque uma tragédia tipo atropelamento, rabo preso na porta ou coisa assim seria muito teatral, dramático, chique demais.
Cada pata tem uma cor, e o nariz é metade branco, metade ruivo. As almofadinhas das patas do bicho são todas manchadas. Mas isso não é nada. Pior é que as manchas ruivas dela também são manchadas. Sério.
E na cara ela tem sinais, e dos sinais saem uns pêlos enormes. Verruga com cabelão, saca?
A tal gata vive, claro, tentando lamber o prato da gente. A colher. O garfo. O copo. O guardanapo. Tentaria lamber o sousplait, se alguém que tem uma gata assim em casa usasse sousplait. Nossa gata come qualquer coisa sobre ou sob a mesa, de pedacinho de omelete a centopéia seca (ela comeu os dois ontem).
E pra beber, ela elegeu a água pós-banho que fica acumuladinha na borda do chuveiro - morna, meio suja, com sabor sabonete e certamente contendo alguns cabelos ou - oba, mia ela - pentelhos.
Com toda essa catchiguria, claro que ela merece se chamar de Nãossei.

Sobre esta pedra edificarei a minha casa

Minha casa nova está em obras desde 15 de janeiro e assim seguirá até sabe Deus quando. Deus e mais o pedreiro, o eletricista, e encanador, o fornecedor de pedaço de janela, o colocador de pedaço de janela, o cara do vidro da janela (sim, porque colocar janela e colocar vidro em janela são coisas beeeem diferentes e o cara da janela dá uma risadinha ofendida se a gente pergunta se ele coloca vidro na janela), o cara do gesso, o cara do piso, o cara do rodapé, o cara da telha, o cara do puxador de armário, o cara do junker, o cara que tem o azulejo aquele que falta e não é mais produzido e mais um montão de outros caras.
Cheguei à conclusão que tudo isso que se passsa comigo no momento tem uma explicação, e é religiosa.
É porque sou protestante, é isso.
Como luterana que sou, sigo, claro, a linha do Martinho. E o cara das 95 teses era, como a gente sabe, chegadão numa reforma.

Burritos

Sexta à noite, marido e eu no restaurante mexicano quando escuto a voz do Babalu, o burrinho mexicano ajudante do Pepe Legal. Aquele do desenho.


Achei bárbara a idéia de um restaurante mexicano passando o desenho do Pepe Legal. Me virei pra procurar a televisão e nada. Dois minutos depois, a voz do Babalu de novo e eu entortando o pescoço em busca da tela e do desenho. Nada. Na terceira vez em que escuto, já estava convencida de que a origem daquilo não era nenhuma televisão. Uma breve investigação me fez perceber que a baixinha de óculos da mesa da esquerda era a própria encarnação do Babalu. Só faltava o chapéu, porque voz de desenho animado ela já tinha. E sem fazer força.

Peguei as imagens aqui.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A alegria do banheiro II

Pior do que ter que ajuntar o Dove a cada banho que se toma é estar num hotel com um espaço pra banho minúsculo e o Dove no chão. Veja bem, essa história é verídica. Tragicômica. Pode figurar como uma dessas histórias que a gente conta quando quer fazer alguém rir um pouco. Da nossa desgraça, lógico.
Marido e eu viajando. O quarto do hotel não era ruim, mas o espacinho quadrado pro banho era algo digno de registro, mas mesmo assim esquecemos de fotografar. Pra terem uma idéia, quando eu colocava as mãos na cintura, tipo mulher pedindo explicação pra filho ou marido, os cotovelos encostavam nas paredes laterais. E isso que pra alta eu não sirvo. E o troço ainda não tinha box, era uma daquelas cortinas plásticas que insistiam em vir colar no corpo da gente. Eca.
No meio do banho começo a rir. Gargalhar. Chego a ficar com falta de ar. Marido vem ver o que se passa e digo que o sabonete caiu. Até aí nenhum novidade. Mas tente abaixar num lugar pequeno como esse pra pegar um sabonete sem encostar a bunda numa parede gelada ou na cortina eca eca. E o pior é que, num dos lados, na altura dos joelhos, tinha uma torneira compriiiida, daquelas que se usa quando só se quer lavar os pés.
E aí, pra que lado vocês abaixavam?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Fator jaque


Pra quem pensa em reformar a moradia, um aviso: cuidado, mas muito cuidado com o fator jaque: já que vou me mudar, vou pintar antes. Já que vou pintar, vou trocar os interruptores. Já que vou trocar os interruptores, vou dar uma geral na elétrica. Já que vou olhar a elétrica, vou trocar a parede de lugar. Já que vou trocar a parede, vou trocar também aquela outra. Já que vou trocar aquela outra parede, vou consertar o piso da cozinha. Já que vou mexer na cozinha, vou alterar o lugar da entrada de gás. Já que vou alterar a entrada de gás, vou ver também os pontos de tv a cabo. Jé que vou ver a tv a cabo, vou ver também a dispsoição dos móveis do quarto. Já que vou ver a disposição dos móveis, vou colocar um forro de gesso. Já que vou colocar um forro de gesso, ...

Somando todos os jaques, o que começa como "uma pinturinha" se transforma num cenário digno de Dresden depois do grande bombardeio na II Guerra Mundial.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A alegria do banheiro

Como não estou mais aguentando entrar no Calçolas e dar de cara com aqueles olhinhos verdes lindos da Preta Gil, resolvi postar uma daquelas perguntas cretinas que me tiram o sono.

Lá vai: Por que o sabonete Dove vem em formato feito pra cair?

Além de ele ser mais liso em razão do hidratante, ele ainda tem aquele formato que, quanto mais se aperta, mais escorrega. Detalhe, ele cai e SEMPRE quebra um pedaço. Sempre.
Fico imaginando que, o dia em que resolverem mudar o tal formato do sabonete, um bom comercial pro Dove seria num banheiro masculino coletivo, com uns 8 machões peludões tomando banho um do ladinho do outro. Eles estão aliviados, assobiando despreocupados porque agora o banho pode ser um momento de relax, já que o Dove não cai mais. A locução vai explicando todas as vantagens do novo formato Dove e da segurança que isso representa: "... e ninguém mais vai precisar se abaixar pra recolher o sabonete". Nisso a câmera dá um fade in no último cara da esquerda que deixa cair propositalmente o sabonete no chão e diz: oopps (subindo na pontinha dos pés, com a mão na frente da boca, fazendo biquinho. O biquinho é essencial).
A assinatura poderia ser algo como "Novo Dove. Só cai se você quiser".


Pronto. Tirei a Preta Gil da minha frente.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Estrelinha Preta


Mais uma estrelinha no céu dos gatinhos. A Preta Gil.

Festa na floresta

Começo a semana lançando oficialmente, a minha PTGFG (Primeira Teoria Geral sobre Festas e Gandaias em Geral):
Toda festa que se preze tem um ponto de mutação, um momento de quebra de paradigmas. E é aí que a comemoração fica divertida mesmo, seja pros protagonistas, seja pra quem fica assistindo.

sábado, 5 de abril de 2008

Peixe verde

Sou só eu que acho que chá verde tem cheiro de peixe?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

4 anos e um problemão

Minha filha acordou especialmente feliz, faceira, falante. E me contou que o Pedro-pedroca-nariz-de-pipoca (coleguinha do ano passado, que trocou de escolinha mas ficou morando nas memórias da minha pequena) hoje passaria na escola pra rever os colegas.
Minha filha passou 2007 inteiro fascinada pelo Pedro-pedroca-nariz-de-pipoca, então imagina quanto o reencontro de hoje significa pra minha criaturinha querida. Mas uns minutos depois do alegre despertar, a Mariana lembrou que o Pedro nunca quis ser namorado dela.
Que dor para uma mãe ouvir uma coisa assim. Como assim, esnobar a Mari? Onde já se viu? Minha filha é o máximo.
Simulei um ar depreocupado, quando na verdade o que eu queria era encher de osso o Pedro-pedroca-nariz-de-pipoca e tirar satisfação da mãe dele. E me saí com um fingidissimo "tudo bem, filha, não tem importância". Foi tão falso que acho até que minha voz estava esganiçada de tanta mágoa, tristeza, raiva, ira, fúria.
Ainda bem que minha filha respondeu, com um sorriso de orelha a orelha, que o Nicolas anda de balanço com ela e consegue se embalar muito alto.
Tomara que, apesar dos Pedros-pedrocas-narizes-de-pipocas, ela sempre consiga ter olhos para os Nicolas que gostam de ficar do ladinho dela.

Najice pouca é bobagem

Uma amiga foi definir um sujeito (a quem doravante chamarei de Fulano) não muito digno de adjetivos elogiosos. Fulano é subalterno de um cara ainda mais f.d.p. (doravante referido como Beltranaldo). E viperinamente ela conseguiu se sair com essa:
- O Fulano é uma metástase do Beltranaldo.
A minha amiga vai arder nas chamas do inferno, enquanto o diabo fará ensopadinho da sua venenosa língua.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Emo são

Voltei a fazer inglês e as aulas são num centro de línguas de um colégio estadual aqui perto de casa. Além dos 4 adolescentes de 13 anos que são meus colegas, chego pra minha aulinha no intervalo do colégio, pela manhã. Ou seja, tenho que ir abrindo caminho em meio às rodinhas de guris e gurias que se espalham pelo corredor. É um mundo à parte, e olha que não faz muito tempo eu tb vivia nesses bolinhos cheios de risadas e moletons amarrados na cintura. Na saída, a camiseta de um me roubou um sorriso: uma cabeça com um cabelo super espetado e despenteado num bonequinho de olhar triste e uma tarja atravessada indicando proibição. Embaixo a frase: Don't get emo.
Isso me fez lembrar a conversa com um amigo quando tentávamos entender o tal conceito de emo e ele me lasca essa: Afinal, acoca ou não acoca?

Nem bem nem mal, só engraçado

Essa historinha não se enquadra nem na categoria elogios, nem na de queixas do marido, portanto posso contar sem problemas.

O maridão voltou das compras, botou a sacolama na cozinha, se afastou rapidamente porque lembrou que tinha que colocar imediatamente o fdshrieuvb no bgrubs do wrmnpjtfs (não entendi os resumungos que ele deu, mas pela pressa dele, parecia urgentíssimo). Coube a mim, assim, o desempacotamento. Lá pelas tantas, não sei o que me deu quando vi o Omo, e saí comentando, em voz alta, em tom muito admirado:

- Nossa querido, veio um Sabão Mágico (???) de brinde no Omo. Que legal.

O marido, que já estava muuuuuuito longe, fazendo algo muuuuuito importante, estranhamente ouviu meu comentário (o que é muito esquisito mesmo, porque outro dia falei, numa situação bem idêntica, que era hora de cortar a grama e ele não ouviu). Mas à menção do Sabão Mágico (???) ele reagiu na velocidade da luz. Prontamente se materializou na porta da cozinha, olhos esbugalhados, atento como se eu tivesse falado algo sobre um novíssimo modelo de skate. Ele ofegava de desejo pela novidade, era todo interesse a atneção, até as orelhas, não sei como, estavam em pé. Ele estava com-ple-ta-men-te possuído pela ânsia de ver Sabão Mágico (???).

- Sabão Mágico? Onde? O que é? Quero ver. Puxa, Sabão Mágico, que legal. Oba, quero Sabão Mágico. Mostra, mostra.

Ele era uma mistura de criança de 4 anos com gato (quem conhece pelo menos um dos dois sabe dos níveis absurdos de curiosidade que se acumulam ali).

A única coisa maior que a curiosidade do querido foi a frustração de saber que Sabão Mágico (???) não existe.
Eu vou arder nas chamas do inferno.

O silêncio vale bodas de ouro

Me perguntaram por que falo pouco do marido no blog. Buenas, propagandear o marido parece uma péssima idéia. Já passei dos 40, tenho TPM, a concorrência anda grande, melhor não despertar interesses maiores no querido, acho eu. E se eu falar uma ou outra coisa não tão elogiosa assim - sempre tem, e é o que costuma, aliás, render mais assunto -, o amado se chateará, claro. Quer dizer, falando bem ou falando mal, corro sérios riscos de acabar sem marido. Melhor calar, portanto.