sexta-feira, 13 de junho de 2008

Experiência política

Penso que a maioria das pessoas ao menos é simpática a alguma causa social. Alguns são mais engajados e botam a mão na massa, outros colaboram nem que seja com o tal apoio moral (tem o terceiro grupo que não faz nada e que eu vou fazer o mesmo e não vou comentar nada a respeito deste). Pois eu me preocupo e me ocupo com a causa animal. Quem me conhece sabe. Pra quem não me conhece, não vou ficar citando o que faço porque este post não trata disso.
Uma das questões que mais me preocupam ultimamente é a questão dos carroceiros em Porto Alegre. Me preocupa porque sinto que não posso fazer nada a esse respeito. Com algum gatinho ou cachorro abandonado, sei como agir, como ajudar e faço algo na medida do que me é possível. Em relação ao que vejo diariamente com a questão dos cavalos, a sensação é de total impotência, porque as denúncias que já fiz para a EPTC (órgão responsável pela fiscalização) não tiveram efeito nenhum. E bater boca com carroceiro como eu já fiz, é uma bobagem que além de tudo pode ser perigosa.

Pois ontem seria a votação para o projeto de lei que prevê a retirada gradativa das carroças em Porto Alegre no prazo máximo de 8 anos para que se possa realocar os carroceiros que vivem da coleta do lixo para trabalhar de outra forma ou até mudar de atividade (para saber mais sobre o projeto e a questão, aqui e aqui). Eu queria muito acompanhar presencialmente a sessão, mas confesso que fiquei com medo, pois iria sozinha. E o histórico de manifestações e atitudes dos carroceiros me deixou receosa.

Fiquei em casa acessando vários sites pra ver se algum estava cobrindo a votação. E nada. E como eu sofro de um mal muito sério que me impede de ficar sem fazer nada quando me importo com algo, resolvi escrever para os vereadores de Porto Alegre durante a sessão. Era a única coisa que me ocorria naquele momento. Escrevi para os 36 vereadores, nominalmente, um por um, uma mensagem dizendo que eu estava de olho no voto deles e que faria questão de divulgar a posição de cada um entre familiares que aqui votam e que se negam a votar em candidatos que foram contrários ao projeto de lei, assim como mais de 200 amigos que são da cidade. Este é o resumo do e-mail que mandei. Sem tom agressivo e no direito que me cabe como eleitora. Pois eu não fazia idéia das reações que o e-mail causaria, e por isso a razão deste post, pois quero dividir isso com vocês, na ordem em que os e-mails chegaram.

A vereadora Maria Luiz Moraes - PTB, respondeu que ficava satisfeita com o meu interesse e disse que mais pessoas deveriam acompanhar de perto as votações da câmara. Ainda sugeriu que eu acompanhasse não só esta votação em particular.

Pra minha total supresa, o vereador Guilherme Barbosa - PT, me respondeu com desdém e grosseria, dizendo que com ameças eu não conseguiria mudar um voto. Que isso era uma bobagem e que eu deveria procurar argumentos de melhor conteúdo, pois isso seria algo esperado de alguém com a minha formação.

No fervor da primeira leitura do e-mail, escrevi algo no mesmo tom de agressividade como resposta, mas não enviei. Hoje pela manhã, mais calma, mantive a compostura do primeiro e-mail e respondi ao senhor Guilherme Barbosa que mais tarde descobri posicionar-se contra o projeto de lei. Caso ele torne a me responder, coloco num novo post.

Dois vereadores, Pastor Almerindo - PTB e Neuza Canabarro - PDT deletaram o e-mail sem lê-lo.

Os vereadores Nereu D'Avila - PDT, Adeli Sell - PT e João Dib - PP responderam se posicionando a favor do projeto de lei que prevê a extinção gradativa das carroças.

O vereador Nilo Santos -PTB se restringiu a dizer que não entendeu o meu e-mail.

A vereadora Maristela Maffei - PCdoB respondeu dizendo que iria responder mais tarde porque um voto não é simplesmente um não ou um sim. E que se o voto dela não estaria de acordo com o meu perfil ideológico, a câmara era constituída de 36 vereadores.
Mais tarde descobri que ela é contra o projeto.

Do restante só recebi a mensagem automática de confirmação de recebimento.

Do vereador Ismael Heinen - DEM recebi resposta do assessor dizendo que o e-mail seria encaminhado a ele.

Do vereador Claudio Sebenelo - PSDB recebi resposta de um assessor que não dizia nada a respeito do conteúdo do e-mail, mas pedia meus contatos pra que ele pudesse falar diretamente comigo.

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Pessoas, disso tudo, eu só posso dizer que a experiência foi interessantíssima. Valeu por saber como os vereadores se comportam fora da campanha política, exercendo seu mandato. Valeu por saber como tratam os eleitores. Valeu por me deixar mais atenta a quem eu escolho pra me representar.

Recomendo a todos uma experiência dessas. Aqui vocês encontram os e-mails dos vereadores de Porto Alegre.

E pra quem quiser saber como foi a votação do projeto ontem, foi adiada por falta de quórum. E algo me diz que vão continuar adiando enquanto puderem, pois leis polêmicas não encontram muito espaço em ano de eleição.
Segue o vídeo do RBS Notícias sobre a votação, ou a falta dela.

9 comentários:

Guilherme disse...

Oi,

Uma correção... João Dib é a coisa mais oposta ao PT que existe.

Parabéns pela sua idéia de exercer a cidadania. Realmente foi um exemplo.

DÁ-LHE GRÊMIO!!!

venuss disse...

GUILLERMO: já tá corrigido. Valeu o toque.

ale disse...

Bah! Fiquei muito a fim de seguir teu exemplo. Bacana.

Toninho Moura disse...

Muito legal!
Todos deveríamos fazer o mesmo!
Vou mandar e-mail para alguns vereadores solicitando que eles se matem!

Maroto disse...

um carroceiro jogou um cachorro semi-morto por cima da grade da minha casa. Chamei o serviço de ajuda e disseram que o bicho tinha apanhado tanto que, além de esfomeado e doente, estava todo quebrado e não tinha mais como consertar, o único jeito era 'por pra dormir'. Paguei a injeção que faria isso sem dor porque senão ia ser um sofrimento imenso para o bicho (tinha uma pata pela metade, com a ferida infeccionada, um horror) e enquanto fazia o cheque a moça do serviço de proteção aos animais me contou que muitos carroceiros deram para 'cuidar' assim de cachorros agora. Só não sabia porque diabos eles pegavam os cachorros pra começar.
Eu também não faço a menor idéia.

Anônimo disse...

Amiga, parabéns pela atitude. Sei bem como todas essas coisas nos frustram, pois parece que estamos falando para o nada. De todas as formas, ainda confio que sair da inércia e tomar uma posição que resulte, como no teu caso, em atitude, ainda é um dos únicos caminhos possíveis.
Bjo...

Penkala disse...

venuss: tenho orgulho de dizer que te conheço. a causa animal é tão lamentavelmente desdenhada por muitos que me deprime, mas coisas como essas me dão um alento.

há muitos anos eu separo lixo e faço questão de só colocar lá fora quando vai passar o caminhão da prefeitura. pode ser cruel, mas eu não tenho interesse nenhum em ajudar papeleiros dos que passam aqui, com cavalos mortos de fome que vivem carregando o lixo dos outros e depois são tratados como lixo.

continua sendo assim, comprometida, guria!

venuss disse...

ALE: foi uma experiência interessante. Recomendo,

TONINHO: essa DEVE SER uma experiência interessante.

MAROTO: histórias como essa estragam o meu dia (às vezes a semana) e acabam com a vida de muitos bichinhos. Que bom que fizeste algo pelo cão ainda que no fim da vida dele. E é isso que me faz acreditar que ainda há esperança pq existem pessoas a fim de ajudar. Belo exemplo o teu.

LILITH: sim, fazer alguma coisa, isso pode fazer a diferença. Ainda que mínima. bj pra ti, sumida.

PENKALA: obrigada. Obrigada por se importar com os cavalos. Eu tenho uma briga aqui no prédio que o zelador entrega o lixo seco pra um carroceiro. Eu ainda não cheguei a conclusão do que fazer pra que ao menos o meu lixo não vá parar naquela carroça. Já tentei colocar o lixo só de noite, mas até de noite os carroceiros passam por aqui. Mas tenho fé que vou arrumar uma solução, não quero participar disso.

Anônimo disse...

Oi Dani!

Adorei a sua idéia e saiba que a colocarei em pr´tica aqui na minha cidade - Marília.

Muito obrigada pela força e pelo carinho email que me mandei.

Que Deus a abençôe e lhe pague por tudo.

Beijo grande.

Silvana