Levei o carro pra revisão. E mais uma vez tive a oportunidade de ver em ação minha total incompetência geográfica aliada ao meu subconsciente.
Saí da mecânica e cruzei a avenida, sabendo que havia duas linhas de lotação capazes de me levar de volta pra casa e pra minha dissertação.
Obviamente não peguei nenhum delas. Olhei algumas lotações passando, e vi inclusive, meio longe, uma das que eu devia pegar. Mas fiz sinal pra lotação que vinha na frente. O nome era estranho. Não lembro qual era, mas podia ser inclusive Timbuktu, Antofagasta ou Anta Gorda, porque não faria diferença. Quê, viagem pra Índia, vôos de balão pela Turquia ou caminhadas pelos deserto, que nada. A adrenalina tá aqui mesmo, numa lotação qualquer, pertinho de você. Deve ter sido mais ou menos isso que passou pela minha oca cabeça, porque não tem outra explicação pra eu ter entrado naquele microônibus. Ou tem, não sei, pra isso você vai ter que ler o post até o fim.
Olhei o itinerário. Depois de Padre Cacique, não tinha nenhum nome de rua familiar. Mas deixa o micro me levar, cantarolei. E fui indo, até que tudo começou a ficar estranho. Pedi pra descer. Eu tava em frente a uma vila. Do outro lado da rua, uma vila. Lá longe, vila. Pro outro lado, vila também. Uns táxis passaram, nenhum parou ao meu sinal.
Resolvi me jogar pra dentro da primeira lotação que passasse. Nada contra vilas a perder de vista, cruzadas por um córrego imundo e uns caras me olhando meio estranho com copos de pinga na mão antes das 9 e meia da manhã, mas era melhor ir pra casinha mesmo.
Uma lotação passou e - ufa - parou. Ela ia pra Tristeza, alegria, alegria. Fomos sacolejando pela ruas que o Fogaça não conserta, e todo mundo foi aos poucos descendo. Eu segui, pensando que talvez por alguma estranha razão quem sabe a lotação tivesse subitamente mudado o roteiro e passasse a passar perto da minha casa. Mas bem capaz. Chegou uma hora que o motorista perguntou:
- A senhora não vai descer?
Odeio quando me chamam de senhora. Mas deixei esse assunto pra outra hora e falei, com cara de quem sabe o que faz:
- Me deixa perto do Banrisul, por favor.
Agora eu tava ao menos num território conhecido. Tive que esperar mais um tempão, e aí finalmente passou uma das duas lotações que passam perto da minha casa. Uma das que eu devia ter pego na frente da mecânica.
As coisas que a gente não faz pra fugir da dura tarefa de escrever uma dissertação...
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
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Um comentário:
avistar a lotação certa e fazer sinal pra errada é mais ou menos como entregar equipamento de trabalho novo pra empregada, tu nunca sabe o que pode acontecer.
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