terça-feira, 11 de setembro de 2007

Crime, castigo e as letras

Pais marinheiros de primeira viagem têm sempre um índice de sem-noçãozice relativamente alto. No meu caso os níveis são alarmantes, temo. Na busca desesperada por referenciais, leio, assisto & ouço tudo sobre crianças, de pitacos intrometidos a tratados acadêmicos sobre psicologia infantil. E obviamente nisso se incui a Supernanny e outros reality shows afins. Passa no SBT e também passa na TV a cabo, mas sou distraída demais pra lembrar em que canal e quando. Enfim, a Supernanny dá dicas interessantes, sem falar que aquelas famílias-problema que ela visita e cujos entreveros ela aparentemente resolve são um alento pra pais desesperados, porque mostram que tem coisa beeeem pior que o que você está passando.
A Supernanny faz basicamente sempre as mesmas coisas. Mas pessoas como eu assistem mesmo assim, porque demoram pra aprender e porque precisam se consolar.
Uma das suas estratégias eternamente repetidas pela Supernanny é deixar a criança de castigo quando ela infringe as regras da casa.
(Parênteses pra divulgar o método Supernanny de deixar a criança de castigo: o castigo consiste em sentar a criança num lugar muito sem-graça por alguns mintuos -2 anos = 2 minutos, 3 anos = 3 minutos e assim por diante. Antes, tem que dizer por que a criatura está sendo posta ali, e tem que dizer que ela fez algo errado e que deve pensar no que fez. Se a criança tentar sair, tem que colocar de volta quantas vezes for preciso, com firmeza. Depois, a gente vai lá, pergunta se a criança está arrependida, se ela sabe o que fez de errado, e aí vem o abraço e a reconciliação).
Aqui em casa, há vários crimes previstos no Código Familiar Penal. Agredir os pais, por exemplo, dá castigo direto, sem aviso prévio. Agressão é gritar, bater, empurrar, morder, cuspir, beliscar, rosnar (sim, eles rosnam também!), arremessar objetos mesmo que sejam macios e por enquanto graças a Deus só isso - mas tenho certeza que ela vai descobrir mais maneiras.
Mas enfim, agredir os pais = castigo direto.
Hoje a Mariana me empurrou. Uns 30 segundos depois dela começar a cumprir a pena, escuto um cantar alegre. Era literalmente um canto no cantinho.
Vou até o quarto e vejo que ela está lá, no cantinho, mas está feliz, "lendo" as letras de um grande caixa decorada com figurinhas e textos que fica no quarto, e cantando aquela musiquinha do ABC (que ela sabe inteira, a lindinha).
Tão novinha e já percebe nas letras uma possibilidade de redenção. Ou seja, se um dia ela for pra prisão, obviamente vai ser uma versão feminina do Graciliano Ramos e escrever maravilhas como Memórias do Cárcere.

4 comentários:

Anônimo disse...

Também aplico esta técnica, às vezes. Mas quando isso acontece (ela "curtir" o cantinho),me dá uma sensação de fracasso, já que o objetivo é punir. Bj, ale

venuss disse...

eu ainda bão conheço a tua pequena, mas já sou apaixonada por ela. Da SuperNanny, o que que ue posso dizer: não tenho filho e assisto de vez em qdo mesmo sabendo que vai ser tudo sempre igual. Acho que assistir a SuperNanny é a uma forma de alimentar a decisão de continuar comprando Segura Jr. por mais um bom tempo.

Loja Pick Up disse...

Ale, que bom ouvir de ti de novo, eu tava com saudades. É, nossas filhotas nos passam a perna o tempo todo, né? Transformam o castigo em diversão e acabam com nossa moral. Venuss querida: enquanto o SJ fica em ação, pelo menso tu vais pegando as manhas da maternidade. E aí depois quando o baby nascer vais esquecer e também vai ser tudo diferente e aí vais ficar que nem a Ale, que nem eu, que nem tudo que é mãe, ou seja, enlouquecida! Bjs pra vocês, gurias.

venuss disse...

Ale: saudades, menina!

Eva: cada dia eu fico mais louca pra conhecer a tua pequena. Eu ainda me contento em afofar as filhas alheias e ficar enlouquecida só de trabalho.