Pais marinheiros de primeira viagem têm sempre um índice de sem-noçãozice relativamente alto. No meu caso os níveis são alarmantes, temo. Na busca desesperada por referenciais, leio, assisto & ouço tudo sobre crianças, de pitacos intrometidos a tratados acadêmicos sobre psicologia infantil. E obviamente nisso se incui a Supernanny e outros reality shows afins. Passa no SBT e também passa na TV a cabo, mas sou distraída demais pra lembrar em que canal e quando. Enfim, a Supernanny dá dicas interessantes, sem falar que aquelas famílias-problema que ela visita e cujos entreveros ela aparentemente resolve são um alento pra pais desesperados, porque mostram que tem coisa beeeem pior que o que você está passando.
A Supernanny faz basicamente sempre as mesmas coisas. Mas pessoas como eu assistem mesmo assim, porque demoram pra aprender e porque precisam se consolar.
Uma das suas estratégias eternamente repetidas pela Supernanny é deixar a criança de castigo quando ela infringe as regras da casa.
(Parênteses pra divulgar o método Supernanny de deixar a criança de castigo: o castigo consiste em sentar a criança num lugar muito sem-graça por alguns mintuos -2 anos = 2 minutos, 3 anos = 3 minutos e assim por diante. Antes, tem que dizer por que a criatura está sendo posta ali, e tem que dizer que ela fez algo errado e que deve pensar no que fez. Se a criança tentar sair, tem que colocar de volta quantas vezes for preciso, com firmeza. Depois, a gente vai lá, pergunta se a criança está arrependida, se ela sabe o que fez de errado, e aí vem o abraço e a reconciliação).
Aqui em casa, há vários crimes previstos no Código Familiar Penal. Agredir os pais, por exemplo, dá castigo direto, sem aviso prévio. Agressão é gritar, bater, empurrar, morder, cuspir, beliscar, rosnar (sim, eles rosnam também!), arremessar objetos mesmo que sejam macios e por enquanto graças a Deus só isso - mas tenho certeza que ela vai descobrir mais maneiras.
Mas enfim, agredir os pais = castigo direto.
Hoje a Mariana me empurrou. Uns 30 segundos depois dela começar a cumprir a pena, escuto um cantar alegre. Era literalmente um canto no cantinho.
Vou até o quarto e vejo que ela está lá, no cantinho, mas está feliz, "lendo" as letras de um grande caixa decorada com figurinhas e textos que fica no quarto, e cantando aquela musiquinha do ABC (que ela sabe inteira, a lindinha).
Tão novinha e já percebe nas letras uma possibilidade de redenção. Ou seja, se um dia ela for pra prisão, obviamente vai ser uma versão feminina do Graciliano Ramos e escrever maravilhas como Memórias do Cárcere.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
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4 comentários:
Também aplico esta técnica, às vezes. Mas quando isso acontece (ela "curtir" o cantinho),me dá uma sensação de fracasso, já que o objetivo é punir. Bj, ale
eu ainda bão conheço a tua pequena, mas já sou apaixonada por ela. Da SuperNanny, o que que ue posso dizer: não tenho filho e assisto de vez em qdo mesmo sabendo que vai ser tudo sempre igual. Acho que assistir a SuperNanny é a uma forma de alimentar a decisão de continuar comprando Segura Jr. por mais um bom tempo.
Ale, que bom ouvir de ti de novo, eu tava com saudades. É, nossas filhotas nos passam a perna o tempo todo, né? Transformam o castigo em diversão e acabam com nossa moral. Venuss querida: enquanto o SJ fica em ação, pelo menso tu vais pegando as manhas da maternidade. E aí depois quando o baby nascer vais esquecer e também vai ser tudo diferente e aí vais ficar que nem a Ale, que nem eu, que nem tudo que é mãe, ou seja, enlouquecida! Bjs pra vocês, gurias.
Ale: saudades, menina!
Eva: cada dia eu fico mais louca pra conhecer a tua pequena. Eu ainda me contento em afofar as filhas alheias e ficar enlouquecida só de trabalho.
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