quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pen-samento

Parece óbvio, mas mesmo a mais ululante obviedade às vezes merece menção - principalmente quando se está meio sem assunto. Depois dos lencinhos umedecidos, do palm top e do giz de cera acompanhado do caderno de capa dura (nesse caso só para mães), quero referir mais um item de sobrevivência básico da espécie humana. Qual seja, a caneta. Caneta é luz, caneta é vida, caneta é tudo na existência de uma pessoa. Caneta dá pra usar pra sublinhar, pra apontar, pra fazer buraquinho no papel, pra limpar a orelha (mas isso eu só sei por relatos), pra jogar em alguém, pra deixar cair num momento estratégico, pra substituir o giz de cera que toda mãe de vez em quando esquece. E dá até pra você escrever e anotar. Sabe reatuarante com garçom que faz tudo em slow? Você esperou horas pela Coca-Cola, um dia pelos guardanapos, semanas por um cardápio, décadas pelo copo com gelo (que era pro cara ter trazido junto com o refri - lentidão e amnésia costumam andar juntas), centenas de anos pela comida, uma eternidade pela conta (a sobremesa você pulou por conta da ineficiência do serviço). Vai dizer que, só de pensar em passar o cartão de crédito, já não te dá urticária nervosa? Pois é, aí você, pessoa prevenida, evoluída, bacana, saca o quê? O bom e velho talão de cheque, a pré-cambriana caneta esferográfica e pronto: está resolvido. Sem ter que ficar mais sei lá quanto tempo na mesa, sem assunto, só reclamando do quanto o serviço anda (?) devagar e fazendo sua companhia de almoço perceber o quanto você é chata. Você não é pessoa de ficar esperando caneta, é? Claro que não: quem sabe tem a caneta, não espera acontecer. Você faz o cheque, larga ali mesmo (mas embolsa a caneta, que é sua e vai sermuito necessária porque os garçons lentos são maioria) e pronto, vem, vamos embora. É por essas e outras que acho que todos nós deveríamos seguir o modelo de comportamento do quitandeiro bigodudo português Joquim Manuel, e andar com uma bela duma caneta atrás (ou dentro - mas isso eu só menciono no nível da teoria) da orelha.

4 comentários:

Toninho Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Toninho Moura disse...

Descobriu a razão de quitandeiros portuguêses terem sempre uma mancha azul no pescoço?

Silvia disse...

Oh, Eva... lembrei de você essa semana, por conta de um "caso" ocorrido: no restaurante, a mulher que estava na minha frente não parava de falar ao celular... pegando a comida v-a-g-a-r-o-s-a-m-e-n-t-e e não deixando seu ninguém passar por ela...
se fosse com você, sei que conseguiria descrever em minúcias todo o sentimento do momento! kkk
ninguém merece...
Bjocas!

Penkala disse...

eu cá tenho minhas canetinhas num estojo, gaja. é muita giro, todas de cores diferentes... uma pra canetear aluno, outra pra fazer chamada (que caneta esferográfica pra chamada não rola) e tem pra sublinhar livro: verde, lilás, rosa, azul claro, laranja, etc e etc. e, claro, tem caneta ponta fina que só uso pras anotações da tese...

caneta é, literalmente, meu nome do meio. eu não nego a herança jamé de pá.