Eu já comentei sobre as maravilhas do centro de Porto Alegre em dia de chuva, mas hoje pude observar um outro centro, sob um ângulo totalmente novo e inesperado. Eu estava indo almoçar com duas amigas e o carro quebrou. Parou de funcionar. Apagou. Morreu. No meio da Mauá. Ainda deu tempo de aproveitar o embalo e entrar numa dessas ruazinhas transversais. Fiquei ali parada mais do que os 70 minutos que o seguro me prometeu. Deixei o carro em local proibido e fiquei na porta de um prédio comercial que ficava na esquina. Parecia a coisa mais sensata e segura a fazer. Nos primeiros 5 minutos, 3 caras que estavam na esquina começaram a me olhar. Já fiquei preocupada porque já tive péssimas experiências com pessoas me olhando daquele jeito, como quem está te cuidando. E todas aconteceram no centro. Mas não demorou muito pra eu perceber que o interesse que eles tinham em mim era outro. Foi só um deles entregar a 'mercadoria' que vi que eles estavam muito mais preocupados com o meu olhar em relação a eles.
E eu fiquei ali parada olhando o mundo correr e acontecer na hora do almoço. A fila de pessoas de cara cansada na parada de ônibus (as mesmas pessoas que se ocupavam me observando), o pessoal do prédio saindo apressado pra almoçar, as figuras coloridas dos vagões do trem (um vagão cheio de gatinhos divertidos), o porteiro do prédio veio conversar (ele já tinha me ajudado antes, quando empurrou o carro pra eu estacionar), a faxineira do mesmo prédio veio fumar um cigarrinho rápido pós-almoço e puxou papo sobre o tempo, os carros indo e vindo, os ônibus enormes fazendo muito barulho. E tudo era muito acelerado. A única coisa parada ali era eu.
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
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Um comentário:
venuss querida, que situação... Tomara que teu carro fique bom logo. E que a experiência dos fixos e fluxos te renda mais inspirações como essa. Achei tão baudelairiano e benjaminiano... bjs
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