O ovo de chocolate, que antes era o centro das atenções pascoais, e tinha valor simplesmente por ser ovo e de chocolate, virou outra coisa. Virou embalagem pra brinquedinhos, bichinhos, joguinhos, carrinhos, brilho labial e até toalhinha de rosto. E se metamorfoseou em bola, cubo, coração e sei lá eu mais que formas.
O coelho de chocolate está praticamente extinto, anda mais raro que mico leão dourado. Sobraram uns poucos, escondidos pelas gôndoloas, esperando pra serem incluídos na lista de animais ameaçados.
O ninho, que era um, se multiplicou loucamente e agora todo mundo ganha ninhos em toda parte, e o total de calorias ingeridas na semana da Páscoa daria pra alimentar uma famélica família africana por 24 meses.
A Páscoa definitivamente não é mais a mesma.
Eu prefiria a de antigamente, com um ninho só, arduamente batalhado depois de longas expedições pelo quintal. Eu amava aquela cestinha (que era sempre a mesma, entra ano, sai ano) que no fim da manhã ficava cheia de minicoelhos, ovos de chocolate ovais e que no máximo tinham dentro uns bonbons ou outro ovinho, ovo de açúcar (nunca mais vi ovo de açúcar, que fim terão levado?) e casquinhas de verdade, recheadas com amendoim meio mole, que quebravam sim, e daí? Eu tinha loucuras pelas manhãs de Páscoa, com ovo cozido duro tingido no café da manhã, daqueles que sempre tinham um quebradinho na casca, o que fazia com que dentro eles também ficassem meio coloridos. A gema dura ficava o máximo quando misturava o esverdeado natural dela com a cor do ovo, em geral roxão ou rosa muito forte.
Feliz Páscoa.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
Pra quem tem filho pequeno ou adolescente, que ganha ovos e chocolates de toda a família, o aumento de calorias na época da Páscoa é enorme!
Estamos conseguindo diminuir um pouco a cada ano mas ficar sem chocolate tb não!!
Boa Pásco!
bj
Eva, como vc é do Sul, deve ser comum essa expedição pelo quintal. Aqui eu nunca tinha ouvido falar nisso. Eu creio que é uma tradição européia (alemã) essa coisa de esconder os ovos e depois colocar junto com outros :)
Aqui só tem essa coisa de ovo da Lacta, da Garoto que é entregue diretamente pra pessoa.
Bjos!
Uma cesta só pra vida toda?????
E como tu pretende solucionar o mercado dos pobres índios do Morro do Osso, que vivem de vender cestinhas ano após ano?=P
Beijos, e Feliz Páscoa.;-)
Feliz Páscoa pra vcs tb, Eva e venuss!
Eu prefiro as Coelhinhas da Playboy!
Sabes que eu tava pensando nisso hoje? Também não gosto de como as coisas são hoje. Acho sem graça, superficial e feio. Pena. Mas mesmo assim, feliz páscoa!! Bj, ale
muita saudade me deu agora dos tradicionais ovos polacos (casca de ovo enfeitada, pintada com mil motivos coloridos. e dos folares de páscoa que a minha vó fazia. e da surpresa que era esperar amanhecer pra ver, no pé da cama, a cesta (a mesma de sempre, entra ano, sai ano) cheia de coisinhas (milhares de coisinhas baratas e gostosas que valiam muito mais que os ovos caríssimos que eu via meus amigos ganharem. e a minha páscoa durava meeeeeses. depois do dia, em si, a mãe guardava tudo e dava um pouco de chocolate pra cada uma, depois da refeição, pra gente não comer tudo duma vez.
que saudade, meu deus.
Claudia: me passa a receita da redução gradual da oferta de chocolate, pliiiiiis.
Tânia: com Marienkäfer Laden no nome, acho que não estás longe das alemoices, né? Sempre fiquei curiosa sobre esse nome, um dia me conta o que é. E sim, a gente esconde os ninhos, e há requintes de sadismo na atividade. Soube de um pai que colocou o ovo maior do filho dentro do bojo de luz.
Édnei: eu tento preservar os cestos, e encaro como uma força que dou pra que os índios do Morro do Osso diversifiquem seu mix de produtos. Mas os tais cestos tem obsolescência programada, se desmancham em 2 anos, o que confirma que os índios do Morro do Osso fizeram intensivo de marketing e leram Porter e Kotler.
Claudinha: espero que tua Páscoa tenha sido deliciosa.
Toninho: teu gosto converge com a da torcida do Flamengo, tenho certeza.
Ale: sim, e o pior do pior são os opressivos corredores de super com ovos te ameçando por todos os lados, né?
Penkala: que deliciosa e nostálgica essa tua descrição. E na Alemanha também se pintam casquinhas, tem coisas liiindas, e tão frágeis, o que torna mais lindas ainda.
Eu sempre desconfiei disso.
Postar um comentário