quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Viciadas em Vidrex

Não consigo resistir. É mais forte que eu, e sempre que juro que vou parar acabo voltando. E eis que me vejo postando coisas na linha do papinho cricri (criada/criança) sempre de novo. Que é que eu vou fazer se meus neurônios e meus hormônios se voltam pra vidinha na caverna, enquanto o marido caça perigosos javalis gigantes na floresta cheia de espinhos, na chuva, com sua lança enorme, ao lado dos companheiros? Não tenho culpa, é biológico, pronto. Fui feita para fazer a fogueirinha, colher frutinhos perto da caverna, embalar a prole, tecer cestinhos e decorar a localização exata das meias do marido no âmbito doméstico. Desígnios da mãe natureza, que é que eu vou fazer?

(A maior razão de eu gostar tanto das explicações físico-químico-biológicas pras coisas é que elas não dão espaço pra reflexões, escolhas, essas frescuras. É o organismo e seus processos que se impõe, sem direito a apelação, sobre nós. Somos assim porque o corpo quer, pronto.)

Bom, devidamente justificada, volto agora para o papo cricri, oba. Mais precisamente pro primeiro cri. A questão da criada. Hoje elaborei mais uma tese, e não posso não compartilhá-la, já que outra determinante biológica do meu comportamento é minha vocação pra comunicação e para o uso das palavras.

Então, a questao das empregadas. Descobri que todas, mas absolutamente todas, são viciadas em Vidrex. Elas amam Vidrex, precisam de Vidrex, não limpam sem Vidrex, não vivem sem Vidrex. Repare como elas usam Vidrex pra tudo: pra limpar os óbvios vidros e espelhos, mas também desengordurar tampos de pia, desencalacrar coisas de quadros, fazer brilhar os pés das cadeiras (mas isso só se a gente mandar, porque todo mundo sabe que pós localizados em lugares levemente pra lá do óbvio ululante elas não detectam espontaneamente), pra tirar o barro da bicicleta das crianças e limpar os potes dos gatos. A gente fala numa sujeirinha, e pronto: lá vai a faxineira com um paninho e um Vidrex, feliz da vida, cumprir com o seu dever. Vidrex é o único produto que, quando acaba, elas lembram de avisar. Quando elas vêem um Vidrex, ficam como o olhar vidradão. E se a gente tenta trocar por outro, elas logo notam e começam a reclamar dizendo que só Vidrex não deixa assim melecadinho. A relação das domésticas com o Vidrex é de adoração, de fanatismo total - tipo a minha viagem com o papinho cricri, aliás.

Depois dessas minhas fascinantes descobertas, pretendo aprofundar ainda mais a minha tese e estudar a relação entre a verbalização de insatisfações das domésticas e a falta de Vidrex em casa. Aguarde. Tem muito mais papinho cricri de onde veio este.

7 comentários:

Maroto disse...

discordo radicalmente, a fixação das empregadas é Ajax!

ale disse...

Puxa, agora me preocupei. Aqui em casa nunca teve Vidrex e a faxineira nunca pediu por ele! Oh oh!

Enio Luiz Vedovello disse...

Acho que varia com a pessoa e a região. A faxineira de casa é viciada em água sanitária, chega a gastar um frasco de 2 litros por vez.

Tânia N. disse...

Elas não querem Vidrex, querem aumento...rs!

Penkala disse...

já chamamos (entre nós, claro) a faxineira daqui de casa de chemical jane. porque quanto maior é a química, mais apreço pela coisa ela tem. a casa fede a todos os produtos que eu levo aaaaaaanos pra usar assim todos em conjunto. ela em apenas um dia quase usa todos eles até o fim.

mas o vidrex no ecziste aqui em casa. e ela nunca pediu. ela gosta mesmo é do X14. mas cada frasco custa uma fábula, então abasteço o aspersor do X14 que outrora comprei com um três vezes mais barato. e já avisei que não é X14, é parecido (e faz exatamente o mesmo efeito).

é como que um aparato: paninho e aspersor na mão, elas são insuperáveis.

mas o que faz o olho de chemical jane vidrar é mesmo a nossa amiga clorofina. chemy já parou no hospital por causa da clorofina. mas não aprendeu. eu disse que tinha alergia. ela não aprendeu. só quando a pintura especial dos azulejos (tinta pra azulejo, sabe?) começou a literalmente se desintegrar ela se convenceu de que não, clorofina não, chemy, tá?

do nada eu viro uma dondoca quando se trata de falar de faxineiras. tenho medo. tenho trauma. e olha que nem dou tanta bola pra coisas de dondoca. mas tinta se desintegrando me deixa furiosa!

Anônimo disse...

hehehehehe, não sei o que é melhor, o texto ou o comentário ...

Toninho Moura disse...

A empregada aqui de casa é ligada, mais ligada mesmo, nos meus scoths!